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Biertje?

Adriana van den Broek

 

Sou mais uma das vítimas da depressão de inverno. Sei lá o que se passa na cabeça da gente, se o cérebro cansa de esperar o mau tempo passar e se rebela, se falta algum raiozinho se o corpo não absorver mais vitamina C. O negócio é que se deixassem eu dormia e chorava alternadamente até a primavera.

Em mais uma das minhas tentativas de driblar a depressão, decidi ir pela primeira vez nos três anos que moro aqui a uma loja de produtos brasileiros. O plano era comprar "pertences" para feijoada, uma goiabadazinha esperta, uns litrinhos de guaraná. Combinei com uma amiga e nos encontramos na loja depois do horário de trabalho.

Chegando na loja, percebi que nos fundos funcionava uma lanchonete. Famintas, decidimos comer coxinhas e guaraná. A cena era surreal, ali no meio de Amsterdam, um típico barzinho de periferia, com balcão de salgados, açaí e cerveja Antarctica. Aliás, foi a cerveja Antarctica que me chamou a atenção. Não a cerveja em si, mas a turminha bebendo a tal. Vendo a "fileirinha" de latas vazias no balcão, e sabendo do preço salgado das latinhas, pensei "isso é que é saudades!". Conversamos um pouco e ao dizer adeus, ouvimos "apareçam, nós estamos sempre aqui".

Fui pra casa pensando... Será que nós brasileiros estamos criando um gueto? Será que estamos nos fechando para a cultura do país onde vivemos? O que leva uma pessoa a ir a um barzinho brasileiro toda semana, para beber umas latinhas de cerveja: saudade de casa ou fuga da realidade? Eu posso ser uma doida varrida, mas me senti mal lá dentro, como se a qualquer momento fosse entrar um policial e me mandar costurar uma marca qualquer na roupa: má imigrante, não quer se integrar! Será que estou surtando?

Como cada um sabe onde o calo lhe aperta, eu tirei isso da cabeça e continuo com a minha vida. Vocês jamais me verão com a cabeça entortada pra trás na feira comendo haring, mas também não perderei meu tempo e dinheiro me agarrando a uma realidade que não é mais minha. Irei à loja de produtos brasileiros sempre que a saudade de algum "quitute" apertar, mas na medida do possível, no lugar da Antartica vai a Heineken, ao invés de Bono de chocolate comerei cookies, e o bombom Sonho de Valsa trocarei por trufas belgas ( bela troca ).

Sempre que vir um filme brasileiro no cinema irei assistir, quando um artista brasileiro que eu gosto se apresentar por estas bandas tentarei ver, e torcerei muito, muito mesmo, para o Brasil esse ano na Copa. Entretando, é para frente que se anda, se a tal integração fará minha vida mais fácil, que seja. Deixa eu confessar uma coisa pra vocês: sabe qual foi a minha nota no tal "Nationale Inburgering Test"? 4,9, que vergonha!

 

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