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Arnild Van de Velde

Esperando Verdonk 

Arnild Van de Velde

A julgar pelo alvoroço desses dias, a perspectiva de um governo  encabeçado pela atual ministra da Imigração e Integração, Rita Verdonk, 50, parece mais realista do que imaginam os milhares de imigrantes deste país. Embora a crença comum pregue que mulher no poder é sinônimo de  zen na política, é justamente por sua personalidade "belicista" que a ministra, que é do afável signo de libra, vem emergindo como o nome apropriado para tanger a sociedade holandesa na "direção certa", ou seja, para o lado contrário da imaginária "anarquia social" que assolaria a Holanda, caso a reforma dos critérios para imigração(já em curso no país), não fosse levada a termo. Na hipótese da escolha de Verdonk para substituir Jan Peter Balkenende, a partir de 2007, os Países Baixos entrariam para o ainda seleto grupo de nações de algum modo capitaneadas por superpoderosas- algumas, no entanto, mais macho do que muito homem, como tem sido possível observar, sobretudo neste hemisfério norte.

Uma lady formada nas dores e amores latino-americanos como a presidente do Chile, Michele Bachelet, é um encanto típico do lado de baixo do Equador. Nas latitudes setentrionais, o exercício da política não somente parece endurecer as mulheres, como a levá-las à perda da ternura. Talvez trate-se apenas de uma coincidência, mas não deixa de ser uma curiosidade: nem a secretária de estado dos EUA, Condolezza Rice, nem a chanceler alemã, Angela Merkel, muito menos "Iron Rita"(Rita de ferro), são mães. Michele Bachelet, que declaradamente gosta de ser mulher, o é. Não que ser mãe seja garantia de coisa alguma, mas para mim, que também não tenho filhos, a compreensão da maternidade é fundamental para quem nos representa publicamente.  Vistas assim de longe, nenhuma delas aparenta ser do tipo que faz bilu-bilu! para criancinhas. Verdonk, por exemplo, cuidou do sistema carcerário e da segurança de estado, áreas em que começou e consolidou sua carreira pública, um métier tradicionalmente habitado por brutos que nem sempre amam. 

"Iron Rita", o apelido concedido à ministra por seu estilo "thatcheriano", quer "por ordem no barraco", como se diz no popular . Nos anos 80, o Reino Unido foi governado pela então chamada "Iron Lady"(Dama de ferro) Margaret Thatcher, que ganhou o nick por adotar severas medidas econômicas. Na Holanda, Rita Verdonk promete. Mal havia entrado para o VVD quando recebeu a indicação para o Ministério da Imigração e Integração, em 2003, seu primeiro cargo deste porte. Sua gestão vem promovendo uma tal revolução no tratamento da questão dos estrangeiros, que acabou por inspirar anedotas. Seja nas campanhas pró-Kalou, nesta época  de Copa do Mundo, ou na perguntinha sarcástica do locutor do rádio, à ouvinte italiana que jurou adotar a nacionalidade holandesa, caso Silvio Berlusconi viesse a se reeleger. "E o que a senhora fará, na hipótese da eleição da Meevrouw Verdonk?", lançou o maledeto. Sem escapatória, a dita declarou que se mandaria então para Curaçao.

O destaque da nova política de estrangeiros é o exame de integração social, antes mesmo de o imigrante chegar a seu destino. Ë corrente que holandeses convidados a testar o programa, em diversos países, foram reprovados no exame que pretende julgar o grau de conhecimento dos gringos a respeito da Holanda. Do gabinete de Verdonk saiu também a idéia, ainda que em baixo e mau som, da criação de um código nacional de conduta social, cujo ponto alto seria a utilização preferencial da língua holandesa em situações e lugares públicos - uma contradição espetacular à imagem que o país sustenta - a do eldorado das liberdades - e seu principal cartão de visitas. Atentemos para o detalhe: os holandeses, apesar de tolerantes e amantes do "viva e deixe viver", aprovam a ministra e seus planos.

Com a segurança de quem intimamente sabe ser "a mulher da hora", Rita Verdonk não surpreendeu, quando, na semana passada, anunciou sua candidatura à cabeça de chapa do VVD, para concorrer as eleições gerais do próximo ano. A escolha está marcada para maio, e se a tendência se confirmar, ela derrotará o concorrente direto, Mark Rutte. Jelleke Veenendaal, o terceiro da roda, não conta, de tão fraco que é. A ala direita do partido é a carta na manga da ministra, um nome relativamente novo dentro da legenda, na batalha pela vaga. Que ninguém duvide: Rita Verdonk já está em campanha de larga escala. Para conquistar o voto dos indecisos - dentro e fora do partido - ela anunciou que eram suas "clareza e decisão", assim como a capacidade de "manter promessas", que a diferenciavam dos outros candidatos. Recado dado, em alto e bom e som, para quem é bom entendedor.  

 

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