Voltar à página inicial
TEMPO NA HOLANDA
Tempo na Holanda
TEMPO NO BRASIL
 
Compre livros do Brasil e receba-os em sua casa!
Colunas

Clívia Caraccíolo é jornalista e advogada, nascida em Belém do Pará e cidadã do mundo. Antes de se estabelecer na Holanda, morou em Londres. Especialista em desenvolvimento sustentável, energias renováveis e mudanças climáticas, temas que atualmente está prestando consultoria, mas é apaixonada mesmo por jornalismo multimídia. Viciada em noticiários.

 

Jornalista Leila Ferreira na Holanda para lançar Mulheres: Por que Será que Elas...?

Clívia Caracciolo

 


O Livro Mulheres: Por que Será que Elas...? é o espelho de todas nós mulheres que tentamos abraçar a atual velocidade da vida com os pés e mãos - que muitas vezes nem temos – com muito humor. A autora, Leila Ferreira, é também apresentadora de televisão e conhecida no Brasil pelas palestras que dá atendendo a convites dos mais diversos tipos de organizações ligadas, ou não, a mulheres.

 

 

Na Holanda, está a convite da Associação Casa Brasil Holanda, para lançar seu livro. O evento de reativação da associação será no dia 8 de fevereiro, no restaurante Maria Bonita, em Roterdã, e para um grupo de voluntárias e simpatizantes, com apoio cultural do site Brasileiros na Holanda.

Para quem ainda não a conhece aqui um pouco do perfil de Leila Ferreira.

BnH: De que necessidade, motivo surgiu o Livro Mulheres: Por que Será que Elas.. É a sua primeira experiência literária?
Leila Ferreira: Eu já tinha lançado um livro antes, sobre os bastidores do programa que apresentei durante 10 anos na TV, o Leila Entrevista. O programa produziu 13 séries internacionais, entrevistou mais de 1600 pessoas, ou seja, o que não faltava eram histórias pra contar. Já o livro Mulheres...foi escrito a partir de uma palestra que eu faço há seis anos sobre o cotidiano das mulheres nos dias atuais. A Editora Globo ficou sabendo sobre a palestra, me propôs fazer o livro e eu entrevistei 52 mulheres pra recheá-lo de histórias.

BnH: No seu livro, a pitada mais presente é o humor. Você vive o seu cotidiano com este mesmo humor?
LF: Não só vivo como preciso dele pra me sentir bem. Acho que o humor de certa forma nos redime, nos reconcilia com a vida, nos torna mais leves e menos implacáveis nos nossos julgamentos. Quando fui escolher as 52 mulheres do meu livro, fiz questão de selecionar mulheres com senso de humor. Não sei conviver com pessoas mal-humoradas ou desprovidas de senso de humor. E acho também que o humor é um ótimo caminho para a reflexão.
 
BnH: Em qual das experiências do livro você, enquanto mulher, mais se identifica?
LF: Acho que com o cansaço. As mulheres (aqui no Brasil, pelo menos) estão exaustas, por causa do acúmulo de tarefas, e acabam protagonizando histórias tragicômicas por causa desse cansaço. Uma põe cerveja na lancheira da filha de 4 anos, achando que é suco; eu, outro dia, dei seta pra um cachorro quando fui atravessar um cruzamento, ou seja: estamos a um passo da loucura. Se nossos companheiros não aprenderem a dividir as tarefas e nós não abrirmos mão do nosso perfeccionismo, não sei onde isso vai dar. Dificilmente, num final feliz.

BnH: Com o seu programa de debates Leila Entrevista, apresentado por oito anos na Rede Minas e dois anos na TV Alterosa SBT, o você acha que deixou marcado nos telespectadores e pessoas que acompanharam essa sua experiência?
LF: Acho que o programa criou uma cumplicidade muito grande com os telespectadores. O programa era tratado com muito carinho pelo público. E deixar de fazê-lo foi uma decisão difícil. Tentei conciliar com as palestras, mas como eu viajo o tempo todo, foi ficando inviável. Uma pena.

BnH: Qual foi o seu entrevistado mais ilustre?
LF: Amei conversar com Isabel Allende (uma vez em Ouro Preto e outra na Califórnia), com o Sidney Sheldon (na casa dele, em Palm Springs), com a Rainha Silvia da Suécia (em Estocolmo) - foram tantos encontros especiais...

BnH: E o que deu vontade de passar o resto dos seus dias? E o mais chato?
LF: Acho que o que eu carrego com mais carinho é o programa que nós gravamos no Vale do Jequitinhonha (Minas Gerais) com a benzedeira Sá Luíza, de 106 anos. Eu ficaria conversando com ela o resto da vida. O contrário do que eu senti com o Ronaldo, jogador, em Milão. Foi uma entrevista que não deixou saudades.

BnH: O que lhe traz mais prazer profissionalmente: apresentar na TV, dar  palestras ou escrever?
LF: Não sei responder. Acho que as três coisas se somam. Mas tenho a sensação de que, cada vez mais, vou querer escrever. Adoro ficar sozinha, em silêncio, de preferência com a chuva caindo lá fora e uma xícara de café bem quentinho por perto, e ver as palavras nascendo pouco a pouco. Fácil não é. Tem dia que a gente se senta e as palavras fogem - geralmente é quando a gente tem um prazo apertado para entregar o texto...

BnH: Na revista Maire Claire, onde você tem uma coluna trimestral e um blog, em que você se baseia, o que é fundamental quando está escrevendo seu texto?
LF: Gosto de retratar o universo das leitoras a partir dos e-mails e dos comentários que elas mandam. Elas me escrevem contando histórias, dividindo tristezas e alegrias, se queixando (muito) dos homens, buscando respostas pra perguntas que todas nós, mulheres de hoje, nos temos feito. Escrevo como alguém que está no mesmo barco, enfrentando o mesmo mar turbulento da chamada condição feminina.

BnH: No fatídico dia do atentado a bomba, em Londres, em julho de 2005, em que você escapou por um triz de ser uma das vítimas no ônibus que explodiu, após conferir a sorte que teve, você tomou alguma decisão marcante, mudou de alguma maneira o rumo da sua vida?
LF: Pois é. Eu tinha ido entrevistar o filósofo suíço Alain de Botton, que mora em Londres, e, no dia de vir embora, meu cinegrafista e eu saímos pra comprar alguns presentes. Na hora, ficamos na dúvida: ir de ônibus ou de metrô (nosso tempo estava curto). Decidimos ir mais perto, a pé, e foi a conta de andarmos uns dois quarteirões: o ônibus do ponto onde a gente ia explodiu e a estação de metrô em frente ao nosso hotel foi uma das duas ou três onde os feridos foram evacuados. Vi que tínhamos acabado de ganhar duas chances de continuarmos vivos e isso me fez repensar tudo. Mudei de cidade, escrevi um livro, me separei, voltei a namorar o ex-marido e tenho tentado (ainda sem sucesso) ser uma pessoa melhor.

BnH: O lançamento de seu livro na Holanda, é primeiro no exterior, há planos de lançá-lo em outros países?

LF: É o primeiro lançamento no exterior e estou adorando a idéia - que foi iniciativa da Mara Parrela, minha ex-colega da Faculdade de Jornalismo em Belo Horizonte e uma pessoa queridíssima. Quanto aos planos, agora eles estão voltados para o próximo livro.

BnH: 2009, ano novo e planos novos, quais?

LF: Devo lançar em outubro, também pela Editora Globo, um livro sobre qualidade de vida - que é um termo muito amplo. Mas vou falar sobre leveza, bom-humor, gentileza, enfim, aquelas coisas básicas que têm o poder de melhorar nossa existência e que, infelizmente, andam esquecidas.

BnH: Se pudesse extinguir, de vez, com alguma coisa do mundo qual seria esta coisa?
LF: Sei que há coisas mais graves e mais urgentes, como a fome, as guerras e as desigualdades sociais. Mas eu acrescentaria a epidemia de falta de educação, falta de civilidade, falta de respeito com o outro.

- 03/02/2009

 

*Comente aqui:

*Se você não consegue visualizar o link dos comentários, clique em "atualizar página" no seu navegador.

Visite nossa página de anúncios classificados
Como chegar Guia de mapas e transporte público
 
Colunas Anteriores
 
.: Importante :.
Todas as colunas são de única e exclusiva responsabilidade dos seus autores. Suas opiniões não refletem necessariamente o pensamento da criadora do site. Site criado e mantido por Márcia Curvo - Reprodução proibida ©2008 - Para sugestões ou anúncios entre em contato conosco.