Voltar à página inicial
TEMPO NA HOLANDA
Tempo na Holanda
TEMPO NO BRASIL
Patrocine esta autora anunciando aqui
Compre livros do Brasil e receba-os em sua casa!
COLUNAS
Denise Parma é piaiuense, atualmente mora em Purmerend e representante da REBRA(Rede Brasileira de Escritoras) na Holanda. Gosta de livros, poesia e pintura. Escreve histórias infantis. Obra Publicada: O Desafio de Aileen, infanto-juvenil, Editora Scortecci, São Paulo,2004. 



Guten Appetit!

Denise Parma



Após alguns anos vivendo na Holanda vamos nos habituando com alguns costumes do país. Passada a fase inicial, já não perdemos tempo em comparações inutéis com os nossos próprios costumes e a vida vai ficando, se não mais fácil, mais suportável. Assimuladas algumas estranhezas, acabamos não dando mais conta delas até o momento em que resolvemos expandir os horizontes e nos confrontamos com outras maneiras. Só então nos conscientizamos do quanto estamos adaptados ao nosso novo país.

Minha amiga T. comprou uma casa na Alemanha e me convidou para passar as festividades de final de ano com ela. Como a mesma não é dotada de talentos para a culinária, e prática como ela é, resolveu não se aventurar na selva de ingredientes e receitas, preferindo a comodidade do restaurante mais próximo.

"El Toro", o nome faz lembrar a Espanha, mas pode também traduzir Argentina e Brasil, ou seja, países onde a culinária inclui uma boa carne grelhada. Das Restaurant oferece um variado cardápio de carnes grelhadas. O ambiente é familiar e o atendimento eficiente. Escolhidas mesa e bebidas pusemo-nos a consultar o cardápio. Escolhidos os pratos, der Ober anotou cuidadosamente o pedido e retirou-se em direção à cozinha.

Eu não comera nada durante todo o dia e meu estômago reclamava. Pus-me a enganá-lo com alguns pãezinhos untados com kruidenboter, enquanto colocávamos alguns assuntos em dia. Após alguns minutos, com a duração de séculos, der Ober serviu-nos a entrada. Minha intuição avisou-me de que havia algo errado. A fome, porém, é uma péssima conselheira, e dominada por esta, desconsiderei o aviso, fazendo jus ao prato de sopa, embora não me furtasse de fazer um  comentário sobre o tamanho do mesmo.

Os minutos pareciam agora minutos mesmo. O vinho soltou-me a língua e o estômago, um tanto reconfortado, não distraía mais minha atenção da conversa.

Como pranto principal, pedi um Mixed Grill. Minha amiga pediu sabiamente um Zigeunerschnitzel. Segundo ela, os alemãs estão a anos-luz dos holandeses no preparo de um Schnitzel. Não quis pôr à prova o talento dos  mesmos já que em relação a Schnitzel confesso estar traumatizada pro resto da vida.Der Ober interrompeu-nos educadamente a conversa, depositando à nossa frente o prato pedido.

- Os alemães servem porções generosas - disse minha amiga ao perceber meu pasmo.

Spek, costeleta de porco, bife e lingüiças, dividiam o espaço com uma montanha de batatas fritas e uma poção de arroz. Nem sinal dos espetinhos com amostras diferenciadas de carnes, o Mixed Gril dos restaurantes holandeses ao qual eu estou acostumada. A fome, que já não era a mesma do começo, desapareceu imediatamente.

Enquanto minha amiga degustava seu prato, apanhei-me enrolando com a comida ao passo que comparava a maneira de servir deste restaurante alemão com a dos "nossos" restaurantes holandeses.

- Alemães são mesmo estranhos. - complementou minha amiga.
Aprendida a lição, pedi para me servirem Kinderteller nos dias que se seguiram, em vão.

- Guten Appetit! - desejava der Ober com um arzinho divertido ao notar a repugnância estampada em meu rosto, cada vez que me servia.


© Denise Parma 2006

Comente aqui:

Visite nossa página de anúncios classificados
Como chegar
Guia de mapas e transporte público
 
Colunas Anteriores
 
 
.: Importante :.
Todas as colunas são de única e exclusiva responsabilidade dos seus autores.
Suas opiniões não refletem necessariamente o pensamento da criadora do site.
Site criado e mantido por Márcia Curvo - Reprodução proibida ©2005 - Para sugestões ou anúncios entre em contato conosco.