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Entrevista

 

By MaDé - Estilista Miriam Flores


                                                                       
Por Margô Dalla


"I have a simple taste, I only like the best"
Oscar Wilde

 


Com esta máxima – "I have a simple taste, I only like the best",  com este sentido,  a brasileira Miriam Flores - 28 anos e  a holandesa  Jil Nijdam - 31 anos - amigas desde o tempo que cursaram a Academia de Moda -  criaram a marca MaDé há dois anos e meio na cidade holandesa de Roterdã. MaDé é hoje uma das mais modernas e badaladas grifes internacionais, com showrooms em New York, Japão, Amsterdã, Grécia e Bélgica.

Miriam Flores, a designer da marca, faz uma moda fashion com pesquisa de produtos na Tunísia, China, Itália e Portugal, onde também suas criações são manufaturadas com qualidade para competir no mercado internacional.

Com um estilo contemporâneo e sofisticado, a marca é conhecida por seu estilo casual e minimalista onde o “mínimo é mais”. Uma moda para todas as idades e momentos – uma moda que é antes de tudo um conceito de vida e movimento.

BnH - Como tudo começou?
MFlores - Minha mãe costurava e eu estava sempre por perto. Com 13 anos comecei ajudá-la e fiz um curso de corte e costura. Não era a profissão que eu queria seguir – fiz mais para ajudar minha mãe. Quando acabei o colegial, conheci o meu marido e vim para Holanda. Eu não queria parar de estudar. Queria dar continuidade aos meus estudos; mas com a barreira da língua ficava difícil decidir por alguma coisa -, então eu fiz alguns testes para conhecer minhas aptidões. O resultado foi que eu tinha que trabalhar com trabalhos manuais – como costura e design, muito mais que matemática e outras matérias; então eles me aconselharam a seguir um curso de moda. Depois disso, entrei na Academia de Moda de Rotterdam. Eu tinha as habilidades, mas eu não sabia. Eu jamais imaginei que seguiria a carreira de estilista. Na Academia, eu conheci Jil Nijdam – minha sócia e continuamos parceiras até hoje. Às vezes eu ouço alguns estilistas falando que sempre brincavam com bonecas -, eu não! Sempre brinquei com bolas com os meus três irmãos -, então, foi coincidência mesmo.

BnH - E a decisão por Rotterdam?
MFlores - Nasci no Rio de Janeiro e fui criada em Ribeirão Preto - São Paulo. Cheguei à Holanda em 1999. Um ano antes, conheci meu marido – exportador de carne do sul do Brasil, da Argentina e do Uruguai para a Holanda. Ele já morava em Rotterdam e aqui fiquei, estudei e onde vivo há 9 anos.

BnH - E a marca MaDé tem quantos anos?
MFlores - Tem dois anos e meio.

BnH - Como comercializam a marca?
MFlores - Nossos produtos estão na Soledad Senlle – Amsterdam, na M{i} Labels – Belgium, X/B Imports – Athens/Greece, em New York e agora no Japão. Aqui em Rotterdam a loja Flor vende nossa coleção.

BnH - Antes de criar a marca MaDé, você trabalhou para alguma outra empresa?
MFlores - Não. Sai da Academia de Moda de Rotterdam e logo criei a Madé. Não cheguei a fazer nenhum trabalho para outra marca

BnH - Qual a inspiração do nome MaDé?
MFlores - Eu queria um nome  tipo “made” – mas eu queria uma palavra mais sofisticada. Na mesma época, fui para Bali na Indonésia e lá eles tem uma cultura interessante – uma cultura de “castas” onde cada filho tem um lugar na família – e quando esse mesmo filho – essa mesma pessoa se apresenta, é preciso que ela fale em que lugar da família ela está – se é o primeiro ou segundo filho e assim por diante. E eu queria que desse esse sentido – de ser o segundo -  primeiro a idéia do que a gente quer e depois a execução - como as roupas. Então, Madé significa o “segundo filho”em Balinês.

BnH - Algum estilista te influenciou? Tem algum que você gosta mais?
MFlores - Eu gosto muito e estamos na mesma linha de Hussein Chalayan – um fashion designer da Turquia, radicado em Londres que faz roupas de apelo étnico, recheadas de grafismos e com nuances minimalistas. Também de Martin Margiela – designer Belga que usa em suas criações formas abstrata e o mínimo de enfeites e Vanessa Bruno – designer francesa que se destaca pelo imenso bom gosto e uma extrema sensualidade com suas criações. São três nomes contemporâneos e de enorme prestígio no mundo da moda. Gosto muito da marca Prada pela forma elegante quando apresenta seus produtos.

BnH - A etiqueta é internacional. Em suas criações você usa materiais importados? Com que tipo de material gosta de trabalhar?
MFlores - Uso tecidos da Itália, da Grécia e alguma coisa da China. Gosto de tecidos finos, com certo brilho, agradáveis ao toque e com uma transparência sutil.

BnH - Você conhece o material brasileiro – os tipos de tecidos e padronagens?
MFlores - Sei que existem materiais maravilhosos no Brasil, mas ainda não tivemos tempo de procurar e pesquisar. A Jil está indo agora para o Brasil justamente para fazer esta pesquisa e conhecer o que os brasileiros estão desenvolvendo.

Jil - Temos um problema grave que encarece o produto que é o transporte para cá. Essa importação fica muito cara e pode inviabilizar nosso projeto. Mas estamos estudando a melhor maneira de fazermos estas trâmites; até porque, se a mercadoria vem de navio, demora demais e o prazo fica curto. Trabalhamos com um calendário apertado e não podemos esperar. Mas quero muito conhecer os produtos brasileiros. A minha intenção é expandir e trabalhar cada ano com materiais de diferentes países. 

BnH - Como é o seu processo de criação?
MFlores - A Jil faz a parte de marketing e me dá muito “feedback” como também,  agentes de outros países como  a Grécia e o Japão – países muito diferentes discutem comigo as possibilidades.  Olho as tendências e uma série de fatores quando começo a trabalhar em uma nova coleção. Parto de um conceito – uma história que quero mostrar – ou até mesmo uma palavra para definir os rumos da nova produção. Muita coisa acontece quando saio para fazer alguma pesquisa. Recentemente, estava na Itália quando encontrei freiras que fazem tramas maravilhosas-, então, montei a coleção baseada no  trabalho das freiras italianas. Também olho muito o tecido e gosto de senti-lo e ver o que acontece com a minha inspiração e o meu sentimento em relação a ele. Para sentir o que eu posso e o que eu não posso fazer. E de que forma fazê-lo.

BnH - E como são confeccionados estes modelos? Quem faz o corte – e depois como o processo se desenvolve?
MFlores - Eu desenho, faço os moldes e depois corto a peça piloto. E aqui mesmo a terminamos. Após esta peça ter ficado pronta, nós a enviamos para a Tunísia, China, Itália e Portugal. Muitas vezes produtos italianos vão para a Tunísia para serem confeccionados e vice-versa – outras vezes os produtos da China são feitos lá mesmo -, então depende muito do processo de criação de cada peça é tudo muito pessoal e cheio de detalhes.

BnH - E quem controla esta produção?
MFlores -Nós todos controlamos tudo – trabalhamos em poucas pessoas, mas dominamos todo o processo. Muitas vezes, um de nós tem que viajar para acompanhar a produção. É um trabalho enorme -, mas no final temos uma satisfação muito grande em apresentar nossas criações.

BnH - Como é feita a logística?
MFlores - Essa parte dá muito trabalho. Eu e outra funcionária, a Conchita, fazemos a nova coleção, a Jil controla a parte das coisas que já foram vendidas. É tipo um círculo que quando a gente está quase terminando – já é hora de começar o próximo. E assim vai...é um eterno recomeçar.


Muriel, Conchita, Miriam Flores e Jil Nijdam

BnH - Este mês, morreu Yves Saint Laurent. De que forma você acha que ele influenciou a moda?
MFlores - As peças criadas por Yves Saint Laurent são um importante legado deixado pelo estilista. Mas além da sensibilidade, criatividade e percepção, Saint Laurent deixou outras marcas definitivas na história da moda. Uma delas, a popularização do Prêt-à-Porter, ou seja, foi o responsável pela democratização da moda.

BnH - Como é o lançamento de cada coleção – de que forma trabalha? Com quanto tempo de antecedência tem que estar pronta – como é o planejamento de marketing – para onde distribui?
MFlores - No início nós fazíamos quatro. Era necessário entrar no mercado. Mas é muito difícil continuar com esta produção enorme; então fazíamos duas coleções normais e depois fazíamos duas “flash”- bem rápida! Porque normalmente quando as lojas recebem as coleções, em um mês mais ou menos as lojas ficam sem nada! Então temos que correr com a nova produção – uma coleção bem forte e especial. Mas era uma loucura porque tínhamos que agilizar para entregar tudo em um curto espaço de tempo. Com isso, decidimos fazer duas coleções anuais. Por exemplo, agora nós estamos trabalhando para a coleção de 2009.

BnH - Esta coleção une o clássico e o moderno?  É uma coleção luxuosa pensada para cada momento?
MFlores - Ela une o clássico e o moderno à medida que são usados tecidos finos e novas fibras com cortes elegantes. Não é uma coleção pensada exclusivamente para um momento, são roupas luxuosas que você pode usar a qualquer momento do dia, dependendo de como a usa.  É uma coleção bem feminina, uma coleção minimalista, um jogo de sedução e transparência com tecidos nobres e caimento perfeito. 

BnH - E quanto às cores? Variam do preto, marrom, cinza, tons pastéis e off-white? Prata e o champanhe também?  E acompanhando, xales leves em jersey e seda.
MFlores - Sim. Nesta coleção trabalhei com estas cores. São nuances para todas as horas e momentos. Os xales complementam as peças e dão charme e sensualidade às mulheres.

BnH - Sua coleção também tem biquínis nas cores mostarda, rosa, titânio e azul marinho – como foi a escolha por estas cores?
MFlores - Comecei a fazer biquínis – meu agente incentivou a fazê-los. Foi uma experiência interessante e deu certo. Na próxima coleção vou colocar de novo. A aceitação foi grande. Estava na Tunísia quando resolvi fazê-los. As telas já estavam lá e eu desenhei e depois confeccionamos. Foi um sucesso! Vendemos bem! Desta vez, eu vou confeccioná-los mais elaborados – com mais detalhes. Quero fazer um biquini brasileiro – reconhecido e ovacionado no mundo inteiro – seja pela sua ousadia, por sua qualidade, ou criatividade dos modelos. E quanto às cores, achei que combinavam com os modelos.

BnH - E quanto ao tamanho e modelagem?
MFlores - Sigo o padrão europeu.

BnH - Suas criações são para alguma determinada idade?
MFlores - Não tem idade. Tem que sentir o que estou propondo – é uma questão de atitude. O jovem ou o idoso hoje em dia é visto e reconhecido mais pela atitude – o sentimento ao usar determinado modelo, padronagem ou determinado estilista. Hoje a moda é comportamento, é se você sabe usar ou não, o que lhe cai bem – ou o que não lhe cai bem. É uma roupa para pessoas de espírito jovem.

BnH - Vimos no site uma frase de Oscar Wilde que nos chamou atenção "I have a simple taste, I only like the best". É uma máxima? Um conceito da marca?
MFlores - A gente sempre tenta fazer o melhor. Dentro de nossas possibilidades, procuramos  produtos  de qualidade para manufaturar e depois enviar às lojas. Tenho uma preocupação muito grande com qualidade e o acabamento final; até porque, o que é simples, pode ser chic e melhor – e o que é mínimo, pode ser mais. Esta é a nossa filosofia!

BnH - Como é o mercado de estilistas na Holanda?
MFlores - Normalmente, quando um designer sai da escola, passa em torno de 5 anos tentando entrar no mercado. Faz uma coleção, aparece em revistas e depois não produz mais. Isto em média. Quando começamos, optamos por fazer um design mais aberto e acessível ao público. Não que todo mundo possa usar – porque normalmente são muito caros principalmente aqui na Holanda, nem tão alto que poucas pessoas possam usar, mas um meio termo que esteja acessível à grande parte de pessoas que gostam de uma roupa com estilo.

BnH - E os planos para o futuro? É expandir a  MaDé? Levar para a Daslu em São Paulo?
MFlores - Talvez para a Daslu, quem sabe! É um dos nossos objetivos. Já fizemos uma visita lá e claro –, sei que a Daslu é referência de moda no Brasil. Mas estamos nos estruturando, pesquisando. Tenho uma equipe muito boa – como a Conchita que me ajuda a confeccionar e que já trabalhou com importantes marcas européias, a Muriel, que ajuda na logística – enfim, uma equipe afinada e com o mesmo objetivo. Não conseguiria sozinha chegar neste ponto. Trabalhamos com todas as possibilidades – não repetimos os tecidos - estamos sempre inovando.
No futuro, queremos também aumentar a produção de biquinis, trabalhar com adereços, com sapatos e bolsas – Temos algumas idéias na cabeça e estamos fazendo inúmeras pesquisas. Viajamos, visitamos fábricas para conhecer os tecidos e novas possibilidades – fazemos “network”. As pessoas que compram da gente, compram também um conceito – uma forma de vida.

BnH - E a nova coleção? Gostaria de adiantar alguma coisa?
MFlores - É um pouquinho de segredo -, tenho que trabalhar bastante porque preciso entregar em julho. Trabalho com um conceito. O desta coleção é o “deserto” e a partir daí começo a elaborar tudo. O da coleção passada foi “grande e pequeno” inspirado nas tramas das freiras italianas. Uma trama grande – tipo um tricô combinada com tecidos finos. Um contraste.

BnH - Você gosta de algum estilista brasileiro? Gostaria de citar algum?
MFlores - Eu adoro o Oskar Metsavaht, da Osklen -, acho que ele faz uma moda arrojada e interessante. Na coleção deste ano ele mostrou o neogrunge – os garotos criativos de Tóquio e o clima das luzes das metrópoles à noite.

BnH - Um sonho?
MFlores - Participar da semana de moda em São Paulo – da Fashion Week. Uma temporada de moda que já se consagrou internacionalmente.

BnH - Muito obrigada, Miriam! Muito importante o seu trabalho! É maravilhoso ver um brasileiro – uma brasileira se destacar no mercado internacional. Sucesso!

MFlores - Obrigada, também me orgulho muito de ser brasileira e poder colocar em minhas criações algumas características nossas.

Participaram da entrevista, Jil Nijdam – diretora de marketing da marca MaDé e Márcia Curvo do site Brasileiros na Holanda.

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Thoukididou 11
Athens 12134 Peristerie , Greece
T   +30 210 577 6555
E   barbaros@otenet.gr
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481 Broadway 2nd FLR
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ph.212.343.0020fx. 212.343.1633
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Veldkant 10
2550 Kontich , Belgium
T   +32 (0) 477 572 608
E   info@mi-labels.be

 

 

 

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