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Luana Ferreira é Relações Públicas formada pela Uerj. Na Holanda, faz trabalho voluntário para a "Fundação A Hora do Brasil" que produz eventos sobre arte e cultura brasileira.

 

Coming back home*

Luana Ferreira

 

Peso na cabeça, aperto na garganta, frio na barriga!
Pousei. Em São Paulo. Ainda podia melhorar...mais uma horinha e cheguei ao Rio. Perfeito! Mas estava frio! O Rio de Janeiro em junho por uma semana e meia quase foi a Holanda inteira em março. Mas a praia precisava ser saudada mesmo às custas de uma forte dor de garganta. Ossos do ofício. Naquela tarde fria nem os pombos me irritaram.

A tarde começou a duas vozes, se encorpou com três e terminou com cinco nesses encontros casuais da cidade maravilhosa onde os amigos dos amigos também viram amigos como nas facções criminosas que andam dominando a cidade. A vida imitando a arte. Ou vice-versa porque a sensação de estar de volta é não saber mais o que está em cima e o que está em baixo. A moda agora desce o morro junto com as rajadas de metralhadora que acordam os favelados e quem mais estiver por perto. A classe média também acorda e participa vendo tudo no Bom Dia Rio. Às vezes até pela janela. Meu Deus aonde vamos parar?

Estava em casa.

E estar em casa significava confundir o brega com o cult, o chique com o brega, o ridículo com o hype e o super simples com o super hype nessa miscelânea maravilhosamente maluca e deliciosamente carioca. Era sinônimo de atravessar a rua correndo e andar olhando pros lados. Nunca se sabe...

Porque lá  os bandidos são destemidos,  amigos da polícia e não têm medo de roubar na mão grande. Aliás, a polícia também não então acabei ficando cismada com os dois. Com os três, acrescento, porque os políticos também estão voando longe quando o assunto é roubalheira. Me pergunto como eles conseguem dormir  sem me prolongar no assunto porque isso já é pano pra outra manga. Não, os canalhas não dormem! Passam as noites em sociedades secretas armando mais maracutaias para superfaturar obras públicas. Voltemos ao Rio.

O governador metido a mocinho, o prefeito (eternamente) maluquinho e as epopéias dantescas de se acabar com a violência ou melhorar a infra-estrutura da cidade para os jogos panamericanos. Copacabana avisa: faltam x dias para o pan. O engenhão já está “quase” pronto, as ruas “quase” asfaltadas, o conflito no alemão “quase” controlado, as famílias de rua “quase” removidas. Alguma coisa está fora da ordem.

Ou tudo estranhamente no mesmo lugar. E por que cargas d’água teria eu achado que tudo estaria diferente? Talvez tenha achado é que eu que tinha mudado. Mas era tudo mentira porque, como os prédios da cidades, a vocação tupiniquim para o jeitinho e os pombos, eu continuava eu mesma: a de sempre e mais do que nunca, com algumas piadinhas verborrágicas acumuladas doidas para sair na minha língua materna.

De repente me vi dentro de um filme. Fragmentos da minha ex-cidade, da minha ex-vida, dos meus ex-sonhos me revisitavam numa realidade onde eu não existia mais. Onde eu, criatura híbrida, produto pós-moderno da era dos amores interculturais e da aviação barata, estava no limbo. Cidadã de dois mundos e de lugar nenhum. Quanta liberdade!

E quando cheguei em Amsterdam, dois olhos azuis segurando um buquê de rosas me esperavam ansiosos.

Estava em casa.

*Voltando pra casa

 

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