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Raphael Curvo
Advogado pela PUC-RJ e pós-graduado pela Cândido Mendes-RJ

 

Bush acabou no Irajá

Raphael Curvo

 

Quem diria, Bush acabou no Irajá. É o que dá a entender a foto estampada nos jornais nesta semana. O presidente americano sentado a mesa dos aspirantes a ricos e, principalmente, ao lado do Mantega. A que ponto chegou o homem mais poderoso do planeta. São coisas que só a política tresloucada de hoje pode oferecer. Caso o Bush não tenha perdido o rumo, pensando que estava no G7+1, perdeu o prumo, não sabe o que fazer. Na busca desesperada de solução, o primeiro-ministro inglês aponta um caminho que, como deu a louca no mundo, ninguém sabe se vai dar certo. É bem provável que não.

Afinal quem está ganhando muito com isso? Penso ser aquele que tem dinheiro. Olha lá se essa crise não foi planejada para acertar ou dar uma arrumada no contexto do mundo das finanças. Cá com meus neurônios, para os grandes detentores da riqueza mundial, há muito o mercado estava rendendo pouco. Juros baixíssimos, dólar em queda e sem uma moeda forte para substituí-lo, o mundo virtual das aplicações financeiras estava "inconsistente". Para as fortunas mundiais, era muito risco por nada. Resolveram dar uma mexida no tacho.

O Buffet, Soros e outros mais, donos do dinheiro do planeta, já estavam até aplicando no Real. Em 2007, Buffet ganhou mais de dois bilhões de dólares por aqui. Ou seja, especulou com a nossa economia e foi-se embora. Pode até ter sido um pequeno sinal do que estava para acontecer na economia do mundo.

Mas voltando à “terra brazillis", foi interessante ver a figura do Mantega tentando ser aquele homem das finanças mundial. Perto da dinheirama internacional já colocada no mercado, o Brasil com seus 200 bilhões de dólares em reserva, que nunca se reduz apesar de tanta utilização, fazia de Mantega o poder em pessoa. Como foi algo de surpresa a visita de Bush, ele procurava, ante as câmeras e flashs, transparecer que estava ali para dar os fundamentos e apoio à solução da crise. Afinal, para o governo, nosso mercado é rico, economia robusta, parque industrial a todo vapor não conseguindo atender a demanda interna em razão da riqueza e do ganho dos trabalhadores brasileiros. Fato comprovado pela corrida ao crédito que poderá chegar (?) a um montante de prestações de até 100 vezes para pagar um automóvel, geladeira, TV de plasma. Claro, confiando em uma economia estável e sem aumentos de juros, dos remédios, dos custos da saúde, da educação, dos combustíveis, da energia, do vestuário, da alimentação, moradia e por aí vai.

O melhor que fazem neste momento, os brasileiros de classe média, salários acima de R$ 545,00, é colocar à venda, com ágio, o carro que comprou em pequenas prestações, mas que já começam a apertar o orçamento familiar. Os ricos, de acordo com o IPEA, que tem salário superior a R$ 1.300,00, poderão sentir-se atraídos e colocar mais um carro na garagem. Para a classe média, a oportunidade de ganhar algum troco é agora. Por falar em classes sociais do IPEA, o DIEESE há pouco tempo publicou que o salário mínimo no Brasil deveria ser superior a mais de dois mil e quinhentos reais. Tenho a impressão que para o IPEA, esse valor deve ser creditado aos milionários, ou seja, salário mínimo dos milionários.

Esta crise, que segundo o presidente só vem depois do Natal e por essa razão todos podem ir às compras. Com isso ficar mais endividados e encher o bolso do governo. Isto pode também desestabilizar com tudo que foi conquistado até agora pelo simples motivo da ganância e voracidade do governo em arrecadar. Não importa a que custo ao empresário brasileiro. Cria-se ilusão ao pequeno empresário, aquele que realmente emprega, de que os bancos oficiais terão dinheiro para o financiamento. Acontece que lá na ponta da produção, com impostos mais altos, ele toma tudo de volta não permitindo que, com recursos próprios, as empresas realizem novos investimentos. Ou seja, o empresário fica dando voltas no mesmo lugar e permite ao governo manter a economia funcionando e ele, governo, gozando das benesses.
Aí está o maior risco em uma economia que vive do crédito e das exportações das commodities. Sem expansão da economia global, o círculo vai fechar. E sejamos verdadeiros, nosso mercado não vai agüentar porque a expansão do crédito está no limite e com sinais de retrocesso e queda na capacidade de pagamentos. Para o governo, a crise não chegou, ainda estamos imunes, mas só por precaução, segundo ele não pela crise, já foram autorizadas aberturas de crédito às indústrias, pontes financeiras via bancos estrangeiros com utilização das reservas cambiais, alteração no depósito compulsório dos bancos para injetar recursos na economia, compra de dólares, compra de carteiras de bancos e por aí vai. Imaginem como vai ser então, quando a crise chegar.

Eu, particularmente, acredito que tudo é passageiro e vai colocar as claras as economias mundiais. Quem tem fundamentos sólidos na sua economia, vai sobreviver ao tsunami financeiro. Aqueles que não estabeleceram políticas econômicas sérias, que viveram em cima de fantasias, vão rolar ladeira abaixo. Como a força desta situação só vai se tornar evidente após 2009, o rescaldo vem para o próximo presidente. Será, a saber, uma olimpíada (?), uma copa do mundo, aumento salarial de ativos e inativos aprovado, reclassificação de várias categorias após 2010, estabilidade funcional de mais de trezentos mil que deverão ser contratados por concurso e muitos outros atos administrativos que irão repercutir no novo governo.

Acredito que o presidente, talvez não vá achar muito bom o projeto do Blairo Maggi em estender os atuais mandatos para realização de eleições em todos os níveis em uma única data. Vai sobrar uma prova do veneno para ele tomar. Mas essa idéia do governador tem um fiapo no meio dos dentes. Ele, o fiapo, consiste em criar um mandato tampão com eleição para tal. Com toda certeza, o que se espera com esta proposta de eleição para mandato tampão, é criar oportunidade de ser candidato em 2012. Isto sem o impeditivo legal da reeleição. É o que quer promover o governador, no texto do projeto que irá prever a realização de eleições em um único período com prazo do mandato de cinco anos. Os dois anos, do mandato tampão, seriam umas férias para os próximos cinco anos, imagina ele. Será que o presidente vai gostar? Pense professor, pense.

Acredito que vá. Afinal, o Bush, quem diria, acabou no Irajá.

17/10/2008       

 

 

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