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Raphael Curvo
Advogado pela PUC-RJ e pós-graduado pela Cândido Mendes-RJ

 

O outro lado da eleição

Raphael Curvo

 

Encerrada as eleições, vitoriosos em festas, perdedores em ressaca e povo na vidinha de sempre. Ano após ano o processo de crescimento das cidades vai a passos lentos e burocráticos. Como não podia deixar de ser em país terceiro mundista, a próxima eleição, em 2010, começa a tomar corpo em detrimento das discussões de maior importância que tratam do dia-a-dia da população. A própria imprensa começa a dar maior destaque a esse acontecimento eleitoral de 2010 e passa ao largo das cobranças de realização das propostas “ontem” apresentadas nas campanhas eleitorais municipais. É algo assim como a vida continua, deixa a vida me levar.

Dados são levantados sobre a qualidade do voto brasileiro e os resultados sempre padecem de avanços e evolução. São fatos que fazem do voto no Brasil mera obrigação. Pouco tem de qualidade e muito menos de qualquer avaliação do momento eleitoral em que vive a comunidade. Uma das razões que muitos foram reeleitos.

Que fatores agem para um comportamento dessa natureza? Um dos mais atuantes é o conservadorismo, ocasionado pela preguiça mental de estudar e avaliar propostas ou até mesmo a vida do candidato, de conhecer seus feitos ou defeitos. Fazendo um parêntese, no caso da eleição americana neste dia 4, o conservadorismo terá forças em razão da crise. Mudanças, como prega Barack Obama, são de alto risco eleitoral. Na hora do vamos ver, o entusiasmo e a vontade de romper com o status quo arrefecem ante a ponderação em relação ao desconhecido, ao vôo cego, com um comandante pouco experiente na arte do jogo político e todas as suas implicações. É uma hipótese.

De volta ao nosso Brasil, outro fator de grande importância nas questões eleitorais é a formação cultural do eleitor. A baixa escolaridade impede a força de uma boa proposta de governo se transformar em canalizadora de votos ao proponente. O TSE, tempos atrás, motivo de artigo anterior, constatou que 58% dos eleitores sabem apenas ler e escrever, não completaram o ensino fundamental, deixando a escola, em sua grande maioria, antes da quinta série e 6,7% deles são analfabetos. Somados, representam 64,7%, aproximadamente 83 milhões de eleitores de 128 milhões. Será essa a razão da maioria dos governantes em dar pouca importância à formação educacional da população? Será que ainda prevalece esse princípio do coronelismo ou é o povo que pouco se interessa porque tem para si que política não está ao seu alcance? Como mudar se essas máximas continuam a vigorar? Um dos fatores tem que se alterar ou ser alterado por alguma iniciativa do oposto.

Mesmo em regiões mais avançadas educacionalmente, movimentos conservadores foram colocados em pauta pelo eleitor. Esta ação conservadora recebeu atenção do eleitor no critério: mudar para quê? Foi um amadurecimento construído na observação e análise do que estava colocado. Ao avaliar que somente mudar por mudar, e até mesmo para pior, resultou em tomada de decisão o que qualificou o voto. 

Mas o Brasil continua com muita deficiência educacional, razão da grande força dos programas sociais de distribuição de benesses e dinheiro que ainda serão determinantes nas eleições de 2010. Imagine o leitor que no nordeste, como exemplo, 70% dos eleitores são formados por analfabetos e os que não tem a terceira série do ensino fundamental. Qual a qualidade que pode ter um voto dessa massa populacional? Como, por exemplo, poderá seu José ou a Maria entender propostas de políticas para a educação ou a saúde? Qual o diferencial que irá valer no momento de votar em determinado candidato? Qual proposta irá valer mais, aquela que ensina pescar ou a que dá o peixe?

E assim, de eleições em eleições, na espera de um messias, vamos caminhando e sofrendo na mão de muitos governantes, em sua grande maioria, desqualificados para a importância do cargo que exercem. Até quando vamos continuar nessa mentira de que estamos evoluindo como Nação. Não importa em que sentido for, econômico, financeiro, educacional e por aí vai. O Brasil existe e continuará existindo para poucos. Os demais, meros figurantes, passíveis de fácil manipulação.

01/11/2008       

 

 

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