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“Muitos castelos poderão cair nos
próximos 20 anos”, diz Samir Awad
O diretor da Petrobras Netherlands acumula experiência internacional, tendo participado em projetos
em 17 países, muito deles em desenvolvimento, como Índia, Paquistão e vários da África. Após viver
muitos anos no exterior, principalmente na Nigéria, Awad reside na Holanda desde 2009.
Samir Awad formou-se em Engenharia Mecânica
no Instituto Militar de Engenharia, e quando entrou
para trabalhar na Petrobras em 1983, ouviu de
muitos que esse não era um emprego certo para
um prestigiado engenheiro do IME. Contudo, ele
acha que chegou à Petrobras no momento certo,
quando a companhia precisava de engenheiros
para trabalhar em poços a serem perfurados nas
desafadoras águas profundas, cujas descobertas
motivariam um grande desenvolvimento tecnológi-
co liderado pela Petrobras.
Samir conta que o defcit de engenheiros no Brasil
hoje é muito grande para qualquer tipo de cons-
trução, entre outras profssões, até mesmo solda-
dores tem sido muito procurados. Ele cita a frase
dos Titãs, “tudo ao mesmo tempo agora” e relata o
que tem lido na imprensa brasileira que empresas
de serviços não querem demitir ninguém, mes-
mo quando o lucro cai um pouco, pois se demitir
será difícil achar de volta pessoas qualifcadas.
“As grandes construtoras brasileiras estão ocu-
padas com os grandes projetos da Copa e Olím-
piadas, além dos próprios projetos da Petrobras,
precisamos formar mais profssionais qualifca-
dos. Atraídas pelas oportunidades oferecidas pela
Petrobras, empresas do mundo inteiro, inclusive
estaleiros da Coréia e Singapura, estão se insta-
lando no Brasil, gerando novos empregos e aque-
cendo a disputa por novos talentos. No seu novo
plano estratégico, a Petrobras está construindo 11
plataformas de produção e 2 refnarias, que devem
estar operando até 2016.
No Brasil, só trabalhou em projetos offshore na Ba-
cia de Campos, e no exterior sempre esteve envol-
vido no gerenciamento de projetos em águas pro-
fundas. “Vivi uma geração de jovens com pouca
oferta de empregos no Brasil quando me formei, e
hoje isso acontece na Europa. Com mais conforto
e com a internet, esses jovens podem fcar menos
insatisfeitos ou mesmo acomodados, num estado
de quase alienação.”, analisa.
“Muitos castelos poderão cair nos próximos 20
anos, o mundo vai mudar muito”, diz o carioca em
referência ao poder geo-político dos emergentes.
Qual o aprendizado depois do contato com
tantas culturas?
Brasileiro é fexível por natureza. Nasci numa épo-
ca que o Brasil era muito mais complicado do que
é hoje em dia, sofríamos com infação, cada da
o governo anunciava alguma medida diferente. E
isso criou nas pessoas que sobreviveram um jogo
de cintura que permite uma adaptação mais fácil
às regras do jogo. Se você for trabalhar em qual-
quer país mais pobre, por exemplo, você vai saber
identifcar na linguagem corporal, mesmo sem fa-
lar nada do idioma, entende o modelo pois é capaz
de fazer uma analogia com o que se viveu no Bra-
sil. Europeus, de uma forma geral, e americanos
estão mais habituados com o que é estável. Não
é que um país ou cultura seja melhor que o outro,