Rona l d
Gru i j ter s
Pássaros da Mata Atlântica pelo olhar de um holandês
Texto: Ieda de Paula
Ronald Gruijters mudou-se para o Brasil em 2005. Escolheu Itanhaem para
viver, segunda cidade mais antiga do país, situada no litoral Sul, apenas a
100 km da capital de São Paulo. A beleza natural do local o fascinou de ime-
diato: mar, praias, rios, mangues, cachoeiras e uma parte intacta de Mata
Atlântica.
Aos poucos conheceu pássaros tropi-
cais que vinham alimentar-se de frutas
e coquinhos no jardim de sua residência.
Registrava essas cenas com uma camera
digital simples, sem nenhuma pretensão
fotográfca. Observou que no ano seguinte
muitos deles retornaram com os seus flho-
tes, e novas espécies chegaram atraídas
pelos frutos.
De 2005 a 2007 fotografou aproximadamente 30 pássaros tropicais dife-
rentes, a maioria desconhecida do público, mesmo os residentes do local.
Nasceu, nesse momento, um grande interesse em conhecer as espécies
fotografadas. Passou a estudar sobre pássaros e decidiu investir numa câ-
mera e lente de maior alcance.
Aos poucos percebeu que não somente o seu olhar era tragado para os
bicos e penas, mas um interesse súbito em fotografar melhor se apoderou
dele, passando a dedicar-se horas por dia para aperfeiçoar-se na captação
da imagem, luz, ângulo, foco, perspectiva e resultado. Em 2009 adquiriu
uma pequena chácara, tendo ao fundo um pedaço de mata atlântica virgem.
Desde então, já fotografou aproximadamente 150 pássaros, mais da metade
dos pássaros catalogados na região. Há 2 anos suas fotos são publicadas
em sites especializados em aves
/
). O site brasileiro wikiaves tem colaborado na identifcação e da-
dos relativos aos pássaros até então desconhecidos para ele.
Em 2010 Ronald Gruijters disponibilizou um álbum para a internet e com
ele nasceu o reconhecimento do seu trabalho fotográfco. Um 2011, uma
de suas fotos, o colibri “Glittering-throated Emerald - Amazilia fmbriata” foi
escolhida e publicada pelo Google. O número de acessos ao “beija-for de
garganta verde”, nome popular, já ultrapassa os 22 milhões.
Nos últimos dois anos, aproximadamente 30 milhões de internautas acessa-
ram as suas fotos, milhares de mensagens chegaram dos cinco continentes,
em muitos idiomas, onde observa-se a impressão causada pelas suas
imagens. Atualmente ele tem um acervo com mais de 10.000 fotos. Sua
dedicação e amor aos pássaros somam 6 horas diárias de atividade – ob-
serva e fotografa durante 4 horas e trabalha 2 horas na escolha e edição
das melhores imagens. Outra atividade importante para ele é o preparo de
frutas e água para a alimentação e banho de algumas dezenas de pássaros
acostumados ao convívio diário ou sazonal. O consumo de banana, a fruta
preferida, ultrapassa meia tonelada por ano.
Gruijters encontrou no Brasil a sua vocação. Fotografar pássaros é mais
que um hobby para ele. Com camera e lente que ultrapassam os dois quilos
sobre os ombros, passos leves e olhar atento, ele tornou-se parte do mesmo
cenário, daí as imagens espetaculares cujos momentos mostram a intmida-
de do fotógrafo com a ave, o que pode ser melhor observado em seu site:
.
Comentários chegam de todos os cantos do mundo: China, Rússia, Japão,
Indonésia, Países Árabes, Nova Zelândia, Finlandia, Estados Unidos,
Canadá e muitos outros, além dos paises da Europa e América do Sul.
Não obstante seu gosto por fotografar pássaros ter sido descoberto no
Brasil, Ronald considera que talvez tenha herdado de seus pais esse inte-
resse. Durante muitos anos acompanhou a atividade do pai, na criação de
canários, em Eindhoven, sua cidade natal, e observou sua mãe sempre en-
volvida com fotografas e albuns sobretudo da Nova Zelândia, onde a família
Green-headed Tanager - Tangara seledon
COMP OR TAME N TO