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Holanda ganha fama
internacional devido à
produção de insetos
Texto: Beatriz Bringsken
Emmaio de 2013, a FAO (agência daONU de combate à fome)
divulgou, em Roma, um relatório que fortalece a produção
mundial de insetos como fonte de proteínas. Rejeitados no
cardápio humano devido ao nojo, tal ingrediente poderá,
em breve, passar a ser matéria-prima da ração animal. A
Universidade de Wageningen, na Holanda, liderou o estudo,
e o país já é pioneiro. O novo produto recebeu total apoio
do setor público e privado, que visa diminuir a importação
do farelo de soja, usada na ração animal. O Brasil perderia
com essa medida, pois 10% da soja que é exportada vem
para a Holanda. O país das tulipas, tamancos e moinhos,
é um grande produtor de suínos e aves, e agora também
reconhecido pela produção de insetos, possui 18 empresas
que juntas fabricam uma tonelada de larvas por dia. Contudo,
para substituir em 5% o farelo de soja para frangos de corte
seria necessário possuir 200 unidades.
Em países como África do Sul, Austrália, Alemanha e até
mesmo no Brasil (Minas Gerais) investidores pioneiros já
produzem em pequena escala a ração animal. Feita da
proteína de insetos, que tem o mesmo teor que o farelo de
soja, o segredo é a quitina, uma rica fonte de fbra natural,
só perde para a celulose. Substituir a tradicional matéria-
prima da ração animal por insetos pode diminuir os riscos da
segurança alimentar e ajudar a amortecer os preços da soja
no mercado europeu.
Omaior entraveéa legislaçãodesegurançaalimentar daUnião
Europeia, que ainda não permite tal ração. Os parlamentares
discutem uma mudança que permitiria o uso de insetos,
porém estão cautelosos devido às polêmicas alimentares,
como a da vaca louca. O governo holandês apoia a indústria
e acredita ultrapassar a barreira da UE com mais pesquisas
e lobby. Os dois próximos passos são incluir a produção
de insetos na certifcação de segurança alimentar, e ainda
este ano mudar as leis holandesas garantindo o bem-estar
animal ao ingerir insetos. Até mesmo a pegada ecológica no
ciclo de vida dos insetos já foi calculada. No curto prazo, o
setor aposta no uso da ração para animais domésticos como:
peixes, pássaros, repteis, mamíferos e anfíbios. O grupo de
investidores acredita ser possível suprir parte da demanda
nacional em 2015, e até mesmo exportar o produto em 2020.
A meta é atingir o preço competitivo
Aos poucos, o setor toma o espaço da ração para peixes e
pássaros, mesmo com um preço 12 vezes maior do que a
farinha de peixe. O produto alternativo tornaria-se competitivo
ao atingir o patamar de preço em torno de € 1,00 a € 1,50 por
quilo. A farinha de peixe custa atualmente cerca de € 1,24 e
tende a subir nos próximos anos.
Aindústria prevê a redução de custos com: uso de lixo orgânico
na alimentação dos insetos; automação, mecanização e
logística; economia de escala; baratear o uso de energia
fazendo a troca de calor e a ventilação otimizada; selecionar
as espécies para o melhoramento genético; tornar a extração
da proteína pura efciente e desenvolver novas técnicas.
Especialistas garantem que o produto logo conquistará
a confança do mercado e a ração alternativa substituirá a
farinha de peixe.
A empresa líder é a Jagran, que produz mais de 350 mil
moscas domésticas ao dia. O dono é o veterinário Walter
Jansen. Há quatro anos, ele teve a ideia de usar o inseto
para ração animal ao ouvir a ministra da agricultura dizer que
apoiaria a alternativa. Jansen conseguiu o apoio da prefeitura
de Amsterdã, que doa o lixo orgânico urbano para alimentar
os insetos. No início, ele coletou as moscas encontradas na
própria fazenda, pesquisou-as até desvendar as melhores
condições de reprodução.
Pesquisas científcas
O professor de Nutrição Animal, Teun Veldkamp, garante
que não existe qualquer risco de doenças na produção dos
HO L A N DA
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