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Rodolfo Torres - Formado em comunicação pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), é jornalista e redator.  Mora em Brasília há dois anos e trabalha cobrindo a política nacional.
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Se o roubo fosse educado

Rodolfo Torres

 

Brasília - O pacote de medidas de estímulo à economia nacional, chamado oficialmente de Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), não resistiu muito sem críticas. Lançado no final da manhã dessa segunda-feira, o programa chegou à hora do almoço com um monte de críticas.

         Economistas, governadores e até mesmo deputados da base aliada já faziam as suas mais variadas ressalvas. O presidente Lula reuniu ministros, governadores, parlamentares, a imprensa, e fez a sua parte. Saiu na foto como o sujeito que consegue agregar todas as “forças políticas”.

         Mas na hora de realmente explicar como que as coisas iriam funcionar, deixou o local e largou dois economistas de formação para se entenderem com o batalhão de repórteres: Guido Mantega, ministro da Fazenda; e Dilma Rousseff, ministra da Casa Civil.

         Criticaram o PAC o presidente da Confederação Nacional da Indústria, o presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo, economistas das mais variadas tendências, e sabe lá Deus quem mais. Todos afirmam que o PAC é insuficiente para garantir o crescimento de 5% ao ano.

         O próprio ministro da Fazenda mandou um recado público ao presidente do Banco Central, dizendo que o mercado aguarda a queda da taxa básica de juros. Só para lembrar que o presidente do BC tem status de ministro e adora um juro alto.

         E a verba? O PAC vai contar, juntando dinheiro público, privado, extraterrestre e imaginário, uma quantia impressionante: R$ 503,9 bilhões. O país tem quatro anos para investir isso, e nunca é demais ressaltar que o maior talento da administração pública patrícia é o desvio de verba despudorado.

         Se 80% desse dinheiro fosse aproveitado da forma devida, cresceríamos até mais. E é óbvio que para afirmar isso eu me utilizo de cálculos e projeções absolutamente íntimas. Mas além de driblar a roubalheira generalizada, o país tem que vencer um monte de outras coisas para crescer a um ritmo razoável.

         A carga tributária, que é alta demais e sufoca qualquer desejo de investimento. As leis trabalhistas, que não permitem que um empregador contrate mais; daí temos a migração de verdadeiras populações para o mercado informal de trabalho. E também vemos a falta de qualificação do povo brasileiro - a começar pelo próprio presidente da República, que só tem o diploma do TSE, conferindo-lhe o comando do Executivo; e o do Senai, que lhe confere a certidão de torneiro mecânico.

         Mas chega de tentar desmerecer o presidente por meio de sua baixa escolaridade. O fato é que o programa de incentivo da economia brasileira recebeu mais críticas do que elogios, já começa rachado em sua base, e dispõe de uma dinheirama invejável.

         O povo brasileiro terá muita sorte se ao menos 60% do meio trilhão de reais do PAC for investido de maneira razoável. Não precisa nem mesmo ser exemplarmente investido. Até porque a pequena corrupção, o roubinho, a falta de cuidado com o patrimônio público, faz parte de nossa condição.

         Se tudo fosse certinho demais, seríamos menos do que nós mesmos. O nosso maior problema é o roubão, o desviozão. E isso também nos faz o que somos.  


- 23/01/2007



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