Voltar à página inicial
TEMPO NA HOLANDA
Tempo na Holanda
TEMPO NO BRASIL
Patrocine este autor anunciando aqui
Compre livros do Brasil e receba-os em sua casa!
Colunas

Sérgio Godoy é paulistano, graduado em Artes Visuais: Central Saint Martins School of Art , em Londres. Participou de várias antologias literárias no Brasil e alguns de seus poemas foram publicados em Poetry Review UK.

PERGUNTAS E RESPOSTAS

Sérgio Godoy

 

Há dias em que sinto a energia física e mental sair de mim ligeiramente e escapar por algum canto da casa. Então não quero fazer nada. Mas até esse “não querer fazer nada”  torna-se uma batalha entre a positividade e negatividade de meu raciocínio; uma parte de mim provoca e diz: reage!, e a outra parte impõe: que nada, fique parado aí mesmo!

Faço-me de ingênuo tentando enganar os dois lados; deito no sofá, olho para fora da janela ou então deixo o olhar vagar-se dentro do espaço. Melhor é não deixar o tempo passar no vazio. Talvez uma tentativa em produzir algo dinâmico, algo que complete as horas desse “dia”, produtivamente.

Mas será tão horrível assim, esse desejo de ficar quieto, sem nenhuma obrigação, imerso dentro do silêncio? Devemos buscar razões para todas nossas ações e desejos? Devemos dar explicações contínuas de nossos atos para familiares, amigos e até mesmo vizinhos?

Vagarosamente estendo meus braços em direções diversas, como se pudesse controlar as águas de meu oceano. Ah, não há espanto!, já fiz de tudo e acompanhei a evolução de minhas décadas com muito entusiasmo. Já enfrentei situações onde minhas escolhas exigiam muita coragem. Já amei com a intensidade única em cada paixão e a única coisa que não fiz foi procriar. Procrio meus “anjos e demônios” em minha arte. E, coitado de mim, ainda vivo na batalha angustiante que todo artista vive: produção, fama, tempo e dinheiro. Sigo, como nunca deveria parar. E por algum destino, como curvas sinuosas, talvez terei a minha glória no anonimato de minha existência.

Mas há dias que o bom mesmo é ficar largado com o pensamento às “alturas” e o corpo na virginidade das mais puras vontades.

Há dias que sou consciente de possuir esse privilégio, e por que não aproveitar? Mas a realidade sempre bate à porta e é melhor agradecer por sua presença. Para se fazer jus à existência é preciso ter ambição. Para se manter vivo é preciso trabalhar, ganhar um salário e imaginar-se melhor dentro dos sonhos no futuro. Para alimentar o cérebro com informações é preciso recorrer da leitura de bons livros, ativar as imagens absorvidas. Para movimentar os músculos é preciso fazer exércios físicos.

Assim repito, sou privelegiado! Ou será que aprendi a ser privelegiado?
Seleciono tudo aquilo que me agrada  e dou-me o direito de um dia evasivo, de alguma semana evasiva, ter uma ação contra a rotina diária.

E se no silêncio da minha sala, jogo-me no sofá como quem não quer nada, sei que no prazo contido de algumas horas passadas, já estarei apto à buscar outras coisas; começar uma nova pintura, terminar de ler um livro, enviar um e-mail, preparar um lanche e até mesmo me perguntar como está minha vida aqui na Holanda, ou principalmente, como está minha presença em um sentido mais universal; o que faço, o que busco, o que quero?

 

Comente aqui:

Visite nossa página de anúncios classificados
Como chegar
Guia de mapas e transporte público
 
Colunas Anteriores

 

 
 
 
.: Importante :.
Todas as colunas são de única e exclusiva responsabilidade dos seus autores.
Suas opiniões não refletem necessariamente o pensamento da criadora do site.
Site criado e mantido por Márcia Curvo - Reprodução proibida ©2005 - Para sugestões ou anúncios entre em contato conosco.