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Susana Alves-Jas nasceu no Rio Grande do Sul, na região da Serra, Licenciada em História e Pós-Graduada em História da América Latina pela Universidade de Caxias do Sul. Gosta de música, passear, fotografia, de estar com a família, AMA animais e conhecer novas culturas.

ATÉ ONDE VAI A TOLERÂNCIA DOS HOLANDESES

Susana Jas

 

Neste artigo, vou mencionar meu ponto de vista em relação a como os holandeses nos vêem no aprendizado do idioma holandês.  Todos que já estão aqui há mais de um ano, sabem muito bem da dificuldade de aprender um idioma germânico quando falamos um latino.  São raízes completamente diferentes.

Até aí, nada de novo.

O pior é ter de ouvir o tempo todo “Je moet Nederlands praten” (você TEM DE falar holandês). Esse idioma só é falado aqui, em parte da Bélgica, no Suriname, Antilhas Holandesas e num local da África do Sul.  Portanto, todos aqui falam inglês (alemão e francês também é ensinado) para poderem se comunicar quando saem do país, ou para realizarem negócios.

Às vezes acho que os holandeses descontam esse “complexo de inferioridade” do idioma em cima dos imigrantes... a gente TEM QUE falar o holandês e TEM QUE falar bem, porque conforme o cidadão que temos o azar de encontrar, fazem de conta que não entendem.

Vou exemplificar com um fato verídico, retirado de um jornal do ano passado.  Guardei o recorte porque achei que haveria uma boa oportunidade de compartilhar com alguém.  Trata-se da narrativa de uma holandesa da cidade de Dordrecht, a respeito de uma experiência com um policial municipal e o idioma:

“CURSO DE HOLANDÊS
                                            Rika Schut (Dordrecht)

A caminho do meu trabalho faço umas comprinhas e sigo pedalando por um caminho de pedestres. Isso não pode, sei muito bem.  E, claro, já está lá o guarda municipal. Um dos homens bem vestidos no uniforme gritou :  “ Mevrouw !” (Senhora!) Ou, mais precisamente: “Mefrou! U niet fietsen. U hier  moet loop.” (Senhora !Você não bicicleta. Você aqui deve caminhar.)

(Para quem sabe o holandês, já percebeu que está muito mal  estruturado, mas deu para perceber o que o guarda quis dizer)
Eu não pude evitar, sou uma pessoa de coração bom, mas nesse momento, veio à tona meu lado vilão:
“Wat zegt u ? Ik begrijp u niet.”  (O que você disse ?  Eu não entendi.)
Ele disse outra vez:  “U hier moet loop” (A senhora aqui deve caminhar,- claro, dito de maneira errada no holandês.)

“Meneer, er mankeert iets aan uw zinsopbouw en uw grammatica klopt ook helemaal niet, ik begrijp niet goed wat u zegt.”
“Senhor, há algo faltando na sua construção de sentenças e a sua gramática  eu não absolutamente não entendo, eu não entendo bem o que o senhor diz.”
O guarda municipal não me entende e puxa as sobrancelhas para cima. “U hier moet loop”, disse ele novamente. “Anders bon”  (Você aqui deve caminhar. Caso contrário, multa.) ( Mais uma vez, a frase está incompleta, mas pode-se entender o que ele quis dizer).
“Meneer, wat bedoelt u nu te zeggen ?  U heft dringend een taalcursus nodig. Zal ik u een adres geven ?”  (Senhor, o que o senhor está querendo dizer ? O senhor precisa urgentemente de um curso do idioma.  Quer que eu lhe dê um endereço ?)
Eu trabalho na área da Educação e os conheço (os cursos),  se o senhor gostaria de fazê-los, imediatemente poderia lhe apontar uma ótima escola para o holandês. 
Bem, a essas alturas, as pessoas que estavam passando no local, começaram a interferir na nossa “conversa”.  Duas senhoras idosas me certificaram de que eu deveria obedecer o guarda municipal ou então eu receberia uma multa por estar de bicicleta no caminho dos pedestres.
“Let maar op, ze geven je écht een bon hoor.”  (Cuidado, eles realmente lhe darão uma multa.)
O guarda municipal começa a entrar em desespero.  Eu faço agora a minha mais amigável expressão para tentar mais uma vez:
“Zegt u nu eens goed wat u bedoelt, wat wilt u van me ?” ( Por favor, diga claramente o que você quer dizer, o que você quer de mim ?)
“U hier moet loop” ( Ele segue dizendo com estrutura errada:  você aqui deve caminhar)
“Volgt u nu alstublieft nog wat taalessen en kom dan terug om mij op de bon te slingeren, ik ga nu verder, dag meneer” ( Por favor, frequente algumas aulas do idioma e depois volte para mim com a multa.  Eu agora vou seguindo adiante.  Tchau, senhor.)
Eu subo na minha bicicleta.
“Dag, mefrou”, (Tchau, senhora), disse ele com seu braço acenando no ar.
Pena, missão perdida, a dele e a minha.”

Esse artigo recebeu muitas críticas dos holandeses que lêem esse jornal.  Como pode alguém colocar acima do cumprimento de uma norma que envolve também segurança, o perfeito idioma ?????
Imagine essa senhora no Brasil, onde a nossa Polícia Militar nem sempre apresenta policiais com escolaridade adequada (porque somente os mais humildes acabam se candidatando a essa profissão perigosa e mal remunerada).

E aqueles (principalmente agências de emprego) que reclamam do sotaque ????

Há que se revisar conceitos no Brasil:  lá estrangeiro que fala um português de índio e com sotaque, é considerado charmoso...
Aqui ???  Estamos é assassinando o idioma .

 

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