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Susana Alves-Jas
nasceu no Rio Grande do Sul, na região da Serra, Licenciada em História e Pós-Graduada em História da América Latina pela Universidade de Caxias do Sul. Gosta de música, passear, fotografia, de estar com a família, AMA animais e conhecer novas culturas.
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ESTAR NO “PRIMEIRO MUNDO”  =  SER CIVILIZADO    ??

Susana Jas

 

Há muito que a Geografia e a História não utilizam mais o conceito Primeiro e Terceiro Mundo e sub-desenvolvido.  Agora, diz-se:  desenvolvido e em desenvolvimento.

Com certeza isso se refere à situação econômica.

A Holanda está entre os dez países mais desenvolvidos  do mundo.  Morando aqui, podemos conferir o padrão de vida, a assistência social, a saúde (que apesar dos pesares e de não ser um sistema perfeito, todos têm acesso )e chegar à conclusão que:  sim, é desenvolvido .

Segundo os pensadores econômicos que seguiram Karl Marx, o econômico determina o social.  Então, no social também deveria ser desenvolvido.

Quero incluir por minha conta e risco, no termo social, o comportamento dos (ou alguns ?????????) holandeses .

Neste caso, tenho restrições quanto ao “desenvolvido”.

Vou explicar:

Tenho um filho de 12 anos que está no grupo 8 ( equivale ao último ano do Ensino Fundamental no Brasil ) e tem seus amigos que vêm aqui em casa seguido.  Um dorme na casa do outro, trocam “figurinhas”,passeiam conosco e etc...  Coisas típicas e naturais dessa idade de descobertas da independência.

Pois bem, num desses dias, um de seus amigos jantou aqui conosco.  Servimos refigerante no jantar.  Qual foi minha surpresa quando o garoto abre um bocão e solta um tremendo e sonoro arrôto !!!!!!!

Que é isso ?????

Olhei para meu marido com ar de repreensão, mas ao mesmo tempo, envergonhada pelo garoto... meu marido sutilmente perguntou:  você faz isso em casa também ?  “Sim, respondeu ele.  Depois a gente diz:  Sorry.”

Valha-me Deus !

E a coisa não parou por aí:  depois do jantar, sentamos no sofá para ver o final da Copa e o garoto começou a soltar gases e deitava-se de rir. Só ele rindo, claro.  Nós todos de cara fechada.

Aliás, esta cena acabou se repetindo com outro colega de escola do meu filho alguns dias depois.

Se fosse só isso, eu diria que são “pirralhos” e ainda têm o que aprender, mas,  a coisa prossegue:    a janela da nossa cozinha dá para um terraço, paralelo ao da casa vizinha, que abriga cinco estudantes , apenas moças, na faixa dos 20 a 24 anos.

Uma delas estava sentada tomando um solzinho e conversando com o namorado... de repente, solta um sonoro arrôto e larga o “sorry” em seguida.  E, o papo segue como se nada fosse.

E o que é essa mania dos holandeses dizerem o que vem à cabeça como se fosse simples sinal de liberdade de expressão ????  Uma colega, também brasileira, fez uma torta salgada (de frango) e deu de presente à cunhada no aniversário. Sabe qual foi o comentário sobre a torta, num outro encontro das duas ?  Diz a cunhada:  “Por favor, não faça mais aquela torta para mim.  Tive de colocar no lixo. Ninguém comeu.”

Sou eu que estou fora da realidade ou isso é demais mesmo??

Caramba !  Já pensaram se todo mundo sai por aí arrotando e soltando gases a bel prazer ?  Que sinfonia teremos ,hein ?

E se todo mundo disser o que lhe vem à telha ?? Vai sobrar olho roxo ...

Ainda acho que a liberdade deve andar lado a lado com respeito, senão... nada mais resta.

Eu sei muito bem que não são todos os holandeses que fazem isso, mas quis tocar neste assunto para desmistificar a idéia de que aqui tudo e todos são perfeitos.  Não...eles são seres humanos que fazem as mesmas coisas que as pessoas dos países menos desenvolvidos fazem.  Essas coisas envolvem polidez, educação e respeito a limites, e isso não se vende na farmácia da esquina.

Há,  com certeza, muitos brasileiros que pensam que todas as crianças holandesas (ou européias) são loirinhas, de olhos azuis, bem comportadinhas, tocando violino e assistindo ópera, e que os europeus todos vivem à base de regras de etiqueta para comer e se portar...  Neste quesito, já lidei com crianças de periferia numa escola e vi menos cenas do que essas que descrevi, num ano todo, do que eu vi aqui em apenas uma semana. Não é a questão de FAZER OU NÃO (todo mundo sabe que isso é natural no corpo humano), mas de ONDE E COMO fazer essas coisas.

E, ainda tive de ler num site de uma brasileira há algum tempo atrás, um comentário que dizia que deveríamos estar gratos por estarmos num país civilizado (????????!!!!!!!!!)   Será que ela pensa que somos aborígenes por não sermos europeus ?  Que idéia mais antiiiiiiiiiiiiiga !

Porém, para não dizerem que a gente só vê o lado ruim, vou dizer uma coisa pela qual, tiro o chapéu para os holandeses:  aqui, não se vê homens coçando o "saco" como se vê em países latinos, especialmente no nosso Brasil.  Nesses três anos de Holanda, devo ter visto isso umas três vezes no máximo. Aliás, que hábito mais feio esse,não ?

Se fazer o que se quer sem limites é ser civilizado, por favor , prefiro viver no mato, bem longe da “civilização”!

Se isso é usar de liberdade de expressão, prefiro me associar lá aos monges tibetanos e silenciar.

Pelo menos não terei magoado ninguém.

 

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