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Susana Alves-Jas
nasceu no Rio Grande do Sul, na região da Serra, Licenciada em História e Pós-Graduada em História da América Latina pela Universidade de Caxias do Sul. Gosta de música, passear, fotografia, de estar com a família, AMA animais e conhecer novas culturas.
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Aprendendo o holandês

Susana Jas

 

Acredito que as dificuldades no aprendizado do idioma local tenham sido os fatos mais mencionados pelos brasileiros que estão aqui e os que ainda estão por vir. Óbvio, o idioma tem uma raiz complatemente diferente do Português, portanto, pode representar maior dificuldade na hora de fazer as devidas conexões para aprender.

Dados científicos à parte, são muitas coisas que representam uma resistência para aprender o Holandês:  a euforia dos primeiros meses de chegada (tudo novo, tudo “melhor” do que no Brasil, as pessoas nos tratando ainda como turistas, a paisagem sui generis...), a preocupação em fazer com que o novo relacionamento sofra poucos choques, e para quem vem com filhos, há também a atenção que eles merecem numa adaptação a um novo país.

Comigo, não foi diferente do que foi com milhares de outra(o)s conterrâneos que estão aqui.  No começo, fica difícil entender a razão de ter de aprender como o povo daqui reage nas mais diversas situações e, termos de fazer como eles. Confesso que foram necessários , para mim, que se passassem 4 anos aqui, para que eu abrisse a guarda, entendesse o que eles queriam dizer e, minha mente assimilasse o idioma.

Tudo bem, há dificuldades técnicas, como mencionei acima.  O holandês tem umas coisas meio esquisitas, como as horas (quando são 15:25, por exemplo, se diz:  falta cinco minutos para a metade das 16 (????????), os números (21, por exemplo, lê-se: 1 e vinte).  Mas, o que pode mesmo bloquear, é a resistência, muitas vezes inconsciente, à imposição das cosias.

Para quem já fala um pouco de holandês, deve saber que o verbo preferido dos holandeses é o moeten (dever). Je moet isso, je moet aquilo... (você deve fazer isso.. você deve fazer aquilo...)

Hoje, ainda frequentando um cursinho, estou finalmente falando. Mais pareço criança contente com a primeira conquista.  Mas, a sensação é bem assim.  Parece que matamos o dinossauro a dentadas.

E, foi através dessa conquista, que percebi que a imposição que nos fazem, não é que devemos agir como eles (se for assim melhor), mas sim, que devemos saber que eles agem assim e que devemos respeitar, pelo menos em sua presença, os hábitos que eles têm o direito de manter. Já briguei muito, sozinha, com esses “inimigos imagináarios”.

A pressa, a cobrança, a pressão, fazem parte da vivência desse povo.  Foi preciso entender isso também para não me zangar mais.

Infelizmente, há uma pressão muito grande para que se aprenda o idioma logo (para eles logo representa, no máximo, 6 meses ou um ano), para que as oportunidades se abram. Descobri que para aprender um idioma,  a idade e “frescor” da mente, também podem ser grande fator.  Não aprendi o holandês com a mesma facilidade que aprendi o inglês, quando tinha 13 anos.  Sinal dos tempos...Se isso serve de consolo a quem quer que seja, leva tempo para aprendermos o idioma e para entendermos os usos e costumes. Quanto tempo ?  Eu diria, o tempo de cada um. Quando isso acontece, as defesas caem e a gente consegue se “enturmar”, buscar  relações sociais, construir uma nova vida , um novo caminho. Isso não anula a observação crítica, típica do ser humano curioso e ávido de conhecimento.

Entre os que não “têm tempo” para esperar que nossas idéias se organizem nas primeiras conversas, os que acham graça do sotaque, os que fazem de conta que não entendem, as situações inesperadas que sempre exigem uma frase que a gente ainda não aprendeu, as pronúncias estranhas , os que não sabem aconselhar outra coisa que não “je moet Nederlands praten” (você deve falar o holandês), dentre tudo isso, há os que sabem esperar, os que querem ajudar e entendem que são muitas coisas para assimilarmos juntas e que isso representa um turbilhão em nossa cabeça.São nesses que devemos focalizar. E seguir.  Quando vem o desânimo, esperar o refluxo da maré.

Aos já falantes, aos aprendizes e futuros-aprendizes, minha torcida, e meu conselho (velho, por sinal):   Roma não se fez num dia (grandes decisões, grandes passos precisam de tempo para se estruturarem).
Hoje, é apenas o começo de todo o resto de sua vida. Viva, lute, aprenda e usufrua !!!!!

 

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