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Susana Alves-Jas
nasceu no Rio Grande do Sul, na região da Serra, Licenciada em História e Pós-Graduada em História da América Latina pela Universidade de Caxias do Sul. Gosta de música, passear, fotografia, de estar com a família, AMA animais e conhecer novas culturas.
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A VOLTA DOS QUE NÃO FORAM...

Susana Jas

 

Já ouvi dizer de muitos que passam pela experiência de viver no exterior, que uma vez isso acontecido, tornamo-nos cidadãos do mundo.

Em alguns casos, esse dizer que abraça muitos significados, acaba virando uma cena hilária na medida em que alguns tentam reescrever sua própria história arrancando algumas páginas.

Será mesmo que quando retornamos à nossa terra não conseguimos mais nos sentir parte daquele contexto ? Quando a memória repassa o filme, vemos mesmo que fomos retirados daquele roteiro ? Esquecemos o idioma com que fomos embalados até o sono, com que fomos alfabetizados e preparados para a vida, o mesmo idioma que deu base para que aprendessemos outros mais ?

É bem verdade que quando estamos aqui, sentimos saudade de lá, e, quando estamos lá, sentimos saudade daqui. Coisa normal. É fácil gostar e se acostumar ao que é bom.

É comum ouvir declarações de como,uma vez estando aqui, tudo na nossa terra natal parece encantamento: o povo alegre, hospitaleiro, a comida saborosa, os médicos maravilhosos, as roupas de bom gosto, a família equilibrada e feliz... De repente, numa viagem de retorno, tudo se transforma. O povo alegre passa a ser violento, curioso e aproveitador, a comida faz engordar, o sistema de saúde está um caos o trânsito insuportável e a família cheia de problemas.

Já a segunda pátria, vista de longe, deixa de ser discriminatória, os médicos deixam de ser apenas "receitadores" de paracetamol, as pessoas são educadas e discretas (antes chamavam a isso de indiferença) e até o idioma passa a ser nem tão horrível assim.

Retirando as pessoas que querem virar "gringos'' (não seria melhor dizer degringolar ?), esse processo é normal porque, estando envolvidos em uma situação ou momento, vivemos dele o que há de bom e ruim. Quando nos afastamos da situação, podemos ver, se quisermos, somente o lado positivo. Inclusive, esse afastamento é saudável, porque pode nos permitir ver que nem tudo é totalmente bom ou totalmente ruim.

E, mais uma vez afirmo que, faz parte do processo de adaptação o reclamar e comparar. Só não pode durar para sempre, porque então, estará refletindo um mal-estar interior que não tem nada a ver com o ambiente onde estamos.

Não importa como, quando, ou o porquê, mas sim, nossa decisão de buscarmos o bem-estar e a felicidade. E eles podem estar em muitos lugares ou coisas, mas, acima de tudo, no nosso próprio "eu". Quem não sabe o que quer, não estará bem com nada.

Apesar disso, e de respeitar as razões de cada um em buscar uma vida no exterior sem generalizar, continuo achando que a parcela que vem para cá e retorna à terra natal dizendo: " eu esquecer Português" (depois de adultos), faz parte do filme que merece o título deste texto. São pessoas retornando para um lugar de onde nunca saíram, ou seja, de sua própria insignificância. Classificam-se como cidadãos do mundo mas, não aprenderam a verdadeira lição de viver entre nações. O cidadão do mundo soma aprendizados, acrescenta conhecimentos e vivências. Nunca tenta subtraí-las.

E, para concluir, uma parte de um poema de Fernando Pessoa que ilustra bem nossa posição em relação à felicidade:

"(...)O eterno sonho d’alma desterrada
Que a traz ansiosa e embevecida
E uma hora feliz sempre adiada
E que não chega nunca em toda vida

Essa felicidade que supomos
Árvore milagrosa que sonhamos
Toda arreada de dourados pomos

Existe sim, mas nunca a encontramos
Porque ela está sempre apenas onde a pomos
E nunca a pomos onde nos estamos."

 

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