Dicas Básicas para uma Sobrevivência Fútil… ou melhor, Dicas Fúteis para uma Sobrevivência Básica
"Unhas de Uga-Uga"
Ana Paula Ikeda van Beinum
Hoje vou falar de unhas (isso mesmo!!!), mas não no sentido biológico, mas da nossa manicure e pedicure, feita daquele “jeitinho” que considero acima de tudo um estilo de vida, uma verdadeira terapia!!!
Eu tenho um amigo mexicano suuuuuper gente boa (tadinho, ele se acha o Andy Garcia, mas é na verdade a cópia escarrada do Danny DeVito) que costuma dizer: ' ... a mulher brasileira é a mais bem cuidada que eu conheço... '. Depois de escutar esta ladainha tantas e tantas vezes, não resisti e perguntei o porquê. Ao que ele retrucou: ‘ É só olhar para as mãos das brasileiras, sempre bonitas, com unhas feitas... se as mãos são assim imagine o resto, deve ser melhor ainda!! '. Novelas mexicanas à parte, o fato é que ‘ mani-pedi ' é muito mais do que uma mera mania brasielira... é aspecto cultural.
Eu lembro que no Brasil o termo 'fazer as unhas' é tão natural e cotidiano quanto ir ao supermercado. E olha que há opções para todos os bolsos, da patricinha insuportável ao salão de R$1,99. O 'ir ao salão' é atividade social (muitas de nós vamos com as amigas, colocamos o papo em dia), informativa (quem nunca se atualizou através das Novas, Caras, Épocas, lidas no fazer das unhas?) e terapêutica (naquele dia estressante, onde tudo parece ser tão difícil, nada melhor que correr ao salão no intervalo do almoço...).
Na Legolândia, o que era meu cotidiano, o que era a minha terapia, virou luxo. Luxo porque tratamento ' mani-pedi ' aqui é caríssimo, e mais (!) o serviço não é feito com aquele “jeitinho” que estamos acostumadas: as unhas bem limpinhas, as mãos bem hidratadas, exfoliadas, o alicate esterelizado para tirar cutícula. Cutícula?!!! Tirar cutícula?! E lá vem aquele olhar que faz você se sentir meio ET go home...
Aqui eu tenho a impressão que o estilo apreciado e adotado pela nação é o ‘ natureba ':
1. Cabelos e pelos ao natural (literalmente);
2. Pele resistindo ao vento e ao frio sem cremes (motivo de orgulho),
3. Abstinência de desodorante, afinal “cheiro de corpo” (ou melhor, a catinga, nhaca, cecê...) é considerado normal;
4. Rejeiçao obsessiva à qualquer remédio que não seja o multi-uso Paracetamol (o corpo se cura, espere que o corpo se cura... aaaaaaaaaaghhhhh);
5. E finalmente, o meu ponto de hoje... unhas de homens da caverna!!! O que eu chamo carinhosamente de unhas à la ‘ uga-uga ' (eeeew... já pensou se o que o meu amigo DeVito disse for verdade ??? ).
Tudo bem, tudo bem... o clima invernal não inspira como o sol. Mas para você pensando que com a chegada do verão o ‘ uga-uga ' vai embora... tsc, tsc, tsc... Agora é o início do “ Show de Horrores ''!!! Imperdível, como diz uma querida amiga minha... pois tudo o que deveria estar escondido vem à tona. Um espetáculo à parte são os pés, geralmente com esmalte de três anos atrás, passados em várias camadas generosas, uma verdadeira tentação!!
Enfim....querer ser gigante em terra de pequeno polegar não é nada simples. As coisas não encaixam, tudo fora de escala. Não será euzinha, nem nenhum de vocês que irá mudar a Legolândia. O contrário talvez seja mais provável. Por isso minha dica básica: adaptação com criatividade. Importantíssimo entender que adaptação não é fazer igual, ser igual... isto é burrice mesmo (viu, dona Verdonk?). Adaptação é conseguir se sentir em casa em terra estranha, adaptar suas necessidades sem agredir o conjunto. Em outras palavras, você não precisa adotar as unhas de ‘ uga-uga ' como sinal de aceitação à cultura holandesa. Também não vai querer que todos aqui adotem a terapia ‘ mani-pedi ' regularmente. Não. Não gosto de extremismos. Gosto de harmonia!!!
Vamos aprender a fazer as unhas de nossas amigas e também a usar a bicicleta como meio de transporte. Vamos assistir televisão brasileira na globo.com e comprar tulipas na promoção, vamos ter cabelos de Vodianova e apreciar ‘ vla met hagelslag ', vamos falar holandês e preservar o coração eternamente brasileiro.
Até a próxima!!
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