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Consegui o emprego?

Adriana van den Broek

 

Alguns dias depois da minha primeira entrevista fui convidada para uma segunda "rodada", e depois desta mais uma. Eu já podia até sentir o cheirinho do contrato recém impresso sendo assinado, por isso o telefonema com a notícia de que outro candidato havia sido escolhido caiu como uma bomba. Lá vou eu começar tudo de novo.

É a isso que se resume a vida do recém chegado. Recomeços. Raio-X de pulmão a cada seis meses para provar que você não é tuberculoso. Conversa com uma “agente de integração” para definir seu curso de holandês. Apresentação de todos os seus diplomas ( até aquele esquecidíssimo do colegial ou ginasial ) para validação. Consulta com a agência do governo que cuida dos desempregados para ver se eles conseguem te encaixar no mercado de trabalho. Aulas de direção e exame de motorista teórico e prático para obter sua carteira de motorista holandesa, já que a brasileira só vale nos primeiros seis meses. É tanta coisa, tanto stress, para no final não adicionar praticamente nada ao que você já sabia ou possuía. Eu pensava: todo esse stress pra poder me comunicar, ser uma profissional graduada, poder dirigir, ou seja, tudo o que no Brasil para mim era normal. Suspiro…

E minha batalha pelo emprego continuou. Foram 11 empresas, cada uma com pelo menos 3 rodadas de entrevistas, umas 3 agências e uns tantos “head-hunters”. E nada. Todo mundo se dizia impressionadíssimo com meu CV, mas no final escolhiam outro. Fui colecionando uma pilha de bilhetes de trem, percorri a Holanda de canto-a-canto. Estava desesperada e não via luz no fim do túnel..

Quase dois anos se passaram. Um dia recebi um e-mail de uma empresa para a qual eu tinha mandado um CV assim que cheguei, perguntaram se eu ainda estava procurando emprego e se eu podia fazer uma entrevista por telefone. Aceitei. Depois dessa entrevista veio o convite para outra, dessa vez pessoalmente. Aceitei. No meio da entrevista, assim do nada, me fizeram a proposta de trabalho. Não consigo nem descrever o alívio, a alegria, a emoção. Emprego na minha área profissional, numa empresa ótima, com salário muito bom. Ai, meu Deus!

Hoje eu viajo quase duas horas de trem para ir pro trabalho e mais duas pra voltar. Continuo estudando holandês na empresa. Adoro meu trabalho. Sempre recebo e-mail de pessoas me parabenizando e dizendo “viu como no fim tudo se ajeita? “, mas eu faria tudo de novo? Não, não faria. Foram dois anos muito sofridos, muitas dificuldades, muito stress. Para quem como eu veio para cá por causa do marido ou namorado, a relação tem que ser muito, muito forte. A saudade da família não te deixa em paz um minuto. Vejo muitas pessoas desistindo e indo embora.

Na verdade, eu dei sorte, muita sorte de encontrar o emprego quando eu estava a um fio de desistir de tudo. Me dá um arrepio na espinha ao pensar o que teria acontecido se eu não tivesse dado essa sorte.

O que você tem a perder no Brasil só cabe a você dizer, assim como se o que você tem a ganhar aqui compensa o risco. Para aqueles que estão pensando em vir, repito o “ditado” do diretor argentino da empresa onde eu trabalhava no Brasil: “audácia no plano, cautela na execução”.

 

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