Eu e as lembranças dos outros*…

Quatro histórias essenciamente fundamentadas no amor. Quatro vidas tão diferentes e ainda tão parecidas com várias vidas, com as nossas próprias vidas. Me emocionei, chorei, voei longe...tão longe. Como foi bom ver aqueles rostos, seus olhares, suas conclusões.

Por que só depois de tanto tempo algumas pessoas percebem que deixaram passar o grande amor de suas vidas? Por que só depois de quase uma vida as pessoas se arriscam a dizer aquilo que ficou preso na garganta – ou melhor – no coração desde o primeiro encontro?

Uma mulher dizia que estava limpando sua casa com a filha e achou uma bolsa. Nela várias cartas de amor e ela confidencia “eu não acreditei nisso, talvez porque não tivesse aprendido a me amar, julguei que o amor não chegaria para mim”. Mas, chegou. Estava lá para quem quisesse ler. E o interessante é você perceber o outro conscientizando-se disso e sentindo uma saudade daquilo que poderia ter sido – e não foi. Ou foi em partes. Os olhos dela brilhavam ao falar do rapaz americano, o tempo que passaram juntos. Fotos em preto e branco, ele com cabelos longos e um cachorro – a apresentadora pergunta –“ vocês eram um pouco hippies”? E ela sorri “acho que sim”. Fala de uma viagem ao som de Janis Joplin. Na sequência, o depoimento dele – sobre o mesmo amor. A primeira cena – ele andando com um cachorro. A primeira reação dela “ele continua do mesmo jeito”. E de repente como num filme, passo a torcer pelo dois. Será que ainda estão sozinhos? Será que encontraram alguém diferente para amar? Há ainda alguma chance para que este amor – “aconteça”.

Vendo a alegria da mulher a apresentadora é taxativa: Ele está chegando no aeroporto, você quer encontrá-lo?

Acho que vocês são capazes de imaginar as próximas cenas. Um detalhe – ele chegou com uma camiseta naquelas cores bem psicodélicas (rs).
Ahh, a vida – suspiro.
Ahh, o amor – suspiro novamente.
Tudo é questão de aceitar o desafio, correr o risco. Faltou tão pouco para que um declarasse, para que o outro se movimentasse na direção esperada. Tão pouco. Mas, neste pouco, passaram se muitos, muitos anos. Isso rendeu testemunhas oculares deste novo-velho amor, os filhos de um casamento que já acabou.

Para alguns ainda há tempo. Em outra história os telespectadores não se conformam em ver um reencontro onde o amor estava latente.  Ele chora ao vê-la, ela o abraça e diz: - “Oh Deus, como é bom te ver novamente”. Após chuvas de emails – do tipo – “o povo quer saber”, a apresentadora mostra que o casal está atualmente morando aqui na Holanda, juntos. A mulher, já no final da entrevista, conclui: “isso é um presente e não queremos mais deixar passar”.

Sim, também acredito que o amor é um presente. Que amar é dom e que a vida é linda demais para ser vivida como se fôssemos todos ficarmos para semente.

E neste mês de dezembro, ano novo chegando – acho que é momento propício para pensarmos sobre nós mesmos, nossas vidas, nossos sonhos, nossos amores e perguntarmos a nós mesmo até onde estamos ousando -  ou, se estamos ousando o suficiente.
Feliz Natal para todos. Feliz Ano Novo.

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