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O Brasil não merece um governo totalitário

Ieda de Paula


O cidadão brasileiro está cada vez mais preparado para avaliar propostas e posturas de candidatos aos postos mais importantes
da política nacional. Não haverá mais espaço para a camuflagem em
torno de promessas que ao longo dos mandatos se diluem de acordo com os interesses, conchavos e permutas de alguns indivíduos ou grupos.

Há na sociedade um enfastio generalizado, decorrente do odor
fétido que exala o uso do poder desenfreado, em todos os níveis e
esferas, poder esse que se distancia do exercício da política decente,
pautada que deve estar nas necessidades dos cidadãos e recursos do
país. É um risco enorme  ser governado por um partido único ou mesmo
dois partidos.

Homens do bem e do mal costumam transitar pelos mesmos becos dos Três Poderes, mas há uma tendência de afunilamento, um exercício natural de seleção do joio e do trigo, resultado desse cansaço que o povo sente de eleição após eleição, ver cair por terra promessas que proliferam nos palanques, local de origem de muitas transgressões e desejos torpes.

A grande maioria dos políticos brasileiros é de uma crueldade sem
limites, conhece de perto a dor dos miseráveis, as necessidades
básicas da população, os anseios dos desempregados, e recheiam seus
discursos com aspectos geradores de ganho absoluto, cenário favorável
para suas façanhas patrimoniais a curto e médio-prazo.

A massa dos deserdados da educação, da justiça social, sequer
imagina a força que tem a voz embargada, a visão turva ou a mão
calejada. Seus votos foram comprados ao longo do tempo, da forma mais indecente, e por terem vendido por preço tão baixo a sua esperança, já não crêem em si mesmos, embora busque no próximo político o salvador da pátria.

Sabemos que os governos que estiveram e estão no poder não
fizeram do saneamento básico (o esgoto mata mais que as guerras), da
educação (população sem estudo é trampolim para demagogos), da saúde (mortalidade infantil é altíssima aqui), dos transportes públicos
(ônibus lotados e malha ferroviária inexistente) a sua prioridade.

A posição econômica do Brasil é invejável há várias décadas, mas a situação social do país é lamentável. Nos quesitos de educação,
saneamento básico, criminalidade e impunidade, a nossa posição é algo
asqueroso e vexatório - país dos contrastes e contradições, de povo
amigável com o maior índice de criminalidade do planeta.

A população não pode olhar para o que foi feito, precisa
enxergar o que não se fez. Governos não podem se vangloriar de
construir hospitais, levantar escolas, asfaltar estradas, são muito
bem pagos para desempenhar suas funções que, convenhamos, estão muito abaixo do que o cidadão espera: educação, saúde, trabalho formal, condições basais de vida.

Há que se pensar, urgentemente, uma forma de minimizar o câncer social que se oficializou no Brasil - corrupção, caixa dois, suborno, malandragem, tem custado ao país, direta ou indiretamente, a
fomentação da violência, com “taxa de criminalidade inaceitável por
qualquer padrão internacional” (Ritla).

De acordo com a Rede de Informação Tecnológica Latino-Americana, de 2003 a 2006, período da pesquisa, foram mortos no Brasil: 50.980 (2003), 48.374 (2004), 47.578 (2005) e 46.660 (2006), totalizando 193.592, com média anual de 48.398 mortes, um custo social de proporções catastróficas, sem abordar o ônus dos presídios, cadeias
e fundações do gênero.

O Brasil precisa de novas vertentes, novos partidos, o congresso é um museu de parlamentares comprometidos com os seus desejos maquiavélicos, um coronelismo maquiado de vários nomes ao
longo da nossa decadência. O povo não suporta mais ver obras com nomes pessoais, maneira grotesca de se apossar eternamente de um bem público.

O projeto “Ficha-Limpa” precisa ser levado a sério, é um anseio da população, não é uma piada, tampouco precisa de alterações –
“do jeito que está” passa, sim, senhores deputados! Precisam honrar
suas funções com a mesma eficiência que administram seus interesses
particulares. O povo está contido, porém cansado!

O brasileiro precisa fazer como o americano que, através de
pequenas doações online, levou ao poder aquele que para eles foi o
melhor. Nós temos condições de ajudar nosso candidato favorito,
evitando que organizações, empresas e grupos manipulem futuros
dirigentes, com suas performances contratuais recheadas de propinas.

O próximo presidente e governadores precisam ser resultados
de uma reflexão dos quesitos acima. Aquele que melhor se comprometer
com a Educação, a Saúde, a Segurança Pública, o Meio-Ambiente, a
diminuição da criminalidade e da impunidade no país, certamente estará
numa posição favorável e poderá ser eleito pela maioria.

Precisamos ser exigentes. Não acreditar em verborragia, não aceitar falta de educação de candidatos, não permitir que presidente seja cabo eleitoral, e acima de tudo não deixar-se levar por mudanças bruscas de estilo ou comportamento, beijinhos em crianças, coisinhas miúdas que mesclam o dia-a-dia dos demagogos de plantão.

O Brasil merece entrar numa outra fase de vida política. Isso que está ai não serve mais. Homens públicos envolvidos em escândalos devem sumir do cenário. Caso contrário, vamos assistir ao aumento da criminalidade, reflexo direto dessa inversão de valores, saldo relativo desse complô absoluto de forças apodrecidas, do congresso à câmara de vereadores... 

15/04/2010

 

 

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