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Frederico G. Fleischer é advogado e professor de Direito Internacional .

 

BRASIL, MOSTRA TUA CARA...

Frederico Fleischer

 

A década de 80 no Brasil foi marcada pelos gritos do “poeta” Cazuza que, com seu comportamento questionável, fez com que repetíssemos em coro “Brasil, mostra tua cara, quero ver quem paga pra gente ficar assim”, pois bem, passamos as décadas de 80, 90 e ao fim da primeira década do século XXI com as respostas estampadas em cada manchete trágica que recebíamos através dos noticiários e, nem assim tomamos providências, afinal, o poeta está morto.

Infelizmente o coro que acompanhava o poeta não se importava com o conteúdo do questionamento, mas tão somente com o prazer que sua melodia causava, prazer que rapidamente é substituído por uma partida de futebol da seleção brasileira ou por um Pan-americano na cidade do Rio de Janeiro. Qualquer semelhança com a política do pão e circo não é mera coincidência.

Durante o auge do Império Romano havia também problemas tão grandes quanto a própria imensidão de Roma, mas utilizaram a solução ideal para que o povo não questionasse esses erros administrativos e corrupção desenfreada, a diversão, o “ópio” das massas, o entorpecer de qualquer preocupação, o esquecimento do que ocorre além.

Claro, eu como brasileiro, também me emocionei com as lágrimas de Jade Barbosa ao despencar das barras assimétricas com o peso de milhões de brasileiros sobre suas costas, mas oras, ainda ficamos com a medalha de prata no Pan 2007, graças a uma menina de 15 anos de idade, opa, mas sobre o que estávamos falando mesmo? Já ia desviando do assunto me deixando levar pela emoção de ser brasileiro, povo que se diverte e se orgulha de suas belezas.

Mas, apesar de todas as belezas e qualidades brasileiras, que são exaltadas ao redor do mundo, ainda assim tenho que concordar com o saudoso maestro Antônio Carlos Jobim, “o Brasil não é um país para iniciantes”, portanto, temos que nos lembrar que abaixo do tapete das belezas, da felicidade existem os problemas que preferimos não ver, mas eles estão lá, a corrupção, o descaso, a pobreza, a fome e tantos outros.

Por um instante é necessário que demonstremos nosso patriotismo não somente no estender de bandeiras na torcida pela seleção de futebol ou pelo time de ginastas, mas também para reconhecermos nossos erros e enfrentá-los de frente, sem lamentações, sem o tão execrável jeitinho brasileiro, mas de maneira honesta e direta, afinal, cansei de esperar pelo país do futuro, quero o nosso Brasil agora!

Chega de sermos “drogados” pelos nossos césares com pessoas que são jogadas aos leões para nossa diversão, chegou a hora de respondermos ao poeta que descobrimos “quem paga pra gente ficar assim” e vamos cobrar a nossa fatia desse bolo, afinal, o Brasil é formado por cada cidadão que deposita aqui sua esperança, que muitas vezes deixa esse solo em busca de oportunidades mas que ainda assim sua e sofre com a certeza de um dia voltar.

Não acho que falar mal do Brasil seja uma solução ou mesmo algo necessário, mas é indispensável que, não só reconheçamos os problemas, mas que principalmente tenhamos atitudes responsáveis frente a eles, seja através de um grande voto em uma eleição, de pequenas atitudes cotidianas ou mesmo através da crítica inteligente àqueles que se aproveitam da alma pura de nosso povo.

Concordando mais uma vez com Tom Jobim, “não sou eu quem fala mal do Brasil, é o Brasil que fala mal do Brasil” viva a seleção de futebol, viva as medalhas do Pan 2007, mas principalmente, viva um novo Brasil que poderá nascer daqui pra frente, sem manchetes catastróficas a cada noticiário, cheio de corrupção e podridão! Viva o meu, o nosso Brasil, o Brasil de cada brasileiro que fertiliza essa terra de esperanças com seu suor!

 

18/07/2006

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