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Johannes Goes, holandês, morou 15 anos no Brasil (Rio, Belo Horizonte, Salvador e Fortaleza). Ensinava Inglês. Escreve por prazer, também autor e produtor de um Curso de Inglês de Conversação Prático. Casado com uma brasileira, 3 filhos e uma neta , mora no Algarve, Portugal.

 

Global Orgasm Day

 

Outro dia anunciaram o “Dia Global do Orgasmo”.
Ficou comprovado que a energia liberada pelo orgasmo pode salvar o mundo.
Alegaram que liberada em quantidades suficientes pode fazer reinar a paz no universo e até pode fechar o buraco da camada de ozônio e salvar a nosso planeta do aquecimento global. Entretanto são precisos muitos orgasmos simultâneos no mundo inteiro. Como vamos ver no Brasil também houve os seus aderentes ao movimento.

Hoje é o Dia

 

Y:         Já cheguei, já estou em casa, meu amor.
X:         Ué, já? O que houve?
Y :        Então? Hoje não é o dia? É a 6º-feira antes do Carnaval.
X:         Isto sei eu. Estou prontinha.
Y:         Estou vendo. Você está linda, uma tentação, não: uma provocação, não sei se vou conseguir esperar até às 3.
X:         Até às 3, como assim?
Y:         Então hoje não é o dia de fazer corrente?
X :        Ah, é hoje? Nem me lembrei daquela coisa.
Y:         Então está vestida ou melhor dizer despida daquele jeito, quase nua,  porque?
X:         Estava experimentando a minha fantasia para logo mais, a festa de pré-carnaval aqui do condomínio.
Y:         Ah, chama isto de fantasia? Chamo de sem-vergonhice. Nem pense. Com tudo de fora assim você não vai a canto nenhum.
X:         Com esse calor, só assim. E de qualquer maneira o que é que tem?
Y:         Tá querendo se exibir na frente de todos, hein? Tá querendo dar show? Não vem que não tem.
X:         Vai ver que quer me ver num quimono. Coberto dos pés até o pescoço.
Y:         É isso. Vai lá de Japonesa ou Chinesa, desde que é com modos, muito modos. Assim escandalosa nem morta.
X:        Ai, se depois te pego babando para aquela sem vergonha do 203B ou pior ainda a piranha do 1208A. Elas podem, né? Aí você fica olhando, dizendo “olhe como  têm samba no pé’, e nem olha para os pés.
Y:         Deixe de tagarelices. Você está preparada?
X:         Na última vez você me deu uma lembrança de presente. Você se lembra?
Y:         Dei? Não me lembro. Se era uma lembrança para você, você é que tem que se lembrar.
X:         E bem me lembro. Uma porcaria chamada de: “Impressão artística do Buraco Fechado”. Não entendi até hoje. Buraco fechado para mim, não é buraco nenhum, tampouco vi algum buraco. Era só um quadro todo azul. Desta vez quero um presente bem diferente.
Y:         Primeiro vamos dar o nosso presente ao mundo. Depois já vejo o que te posso dar. Está preparada?
X :        Ah, para isso? Não sei nem o que vou pôr.
Y :        Fique assim mesmo. Está ótima. Não esqueça que é daqui a pouco
já às 3.
X :        Hoje é só nacional?
Y:         Não, é internacional e não só: hoje pela primeira vez vai ser global! É o
movimento se espalhando pelo globo.
X :        Então são bem capazes de mostrarem isto na Globo. Será que mandaram 
um repórter para a China para ver se o Chinês entra numa dessas? Já pensou?
Vou ver no Jornal Nacional hoje. Deve ser um espetáculo. Adoro espetáculo com Chinês no meio. Com a participação deles o buraco fica fechado num instante, vai ver.
Y :        Pouco adianta ter muitos e não ter empolgação. Estou empolgadíssimo desta vez. Duvido se algum Chinês tem o meu entusiasmo, a minha compenetração, o meu desempenho.
X:         Deve ter montes. Chinês quando se mete é para fazer mesmo. Ainda bem que entraram no negocio. Quantas vezes já não foram no ano passado? Já estou
ficando cansada. Aposto que com a ajuda dos Chineses resolvemos logo o assunto. Eu por mim acho que eles têm jeito. Veja só este ano já vai para a terceira vez. Um dia desses você ainda vai perder uma.
Y:         ‘Você‘ não, ‘nós’. Nesta participamos ambos, nós dois, você e eu. É uma coisa que tem que ser feita a dois e tem que ser mesmo às três.
X :        Como é que é? As três? As três não faço, coisa mais sem vergonha. Nem pense, eu hein!
Y :    Oras, minha filha. Oras. Tá pensando o quê? Às três horas da tarde e em
ponto. Um pouco antes ou depois já não tem o mesmo impacto.
X :É as três em todos os países participantes?
Y :        É, quer dizer quando aqui são três.  Pode ser que na Rússia são 10 de manhã e na China, sei lá , 10 horas de noite.
X :        Ah, então na China devem fazer no escuro?
Y :        Sim, mas é permitido ter as luzes acesas.
X :     Gostaria mais se fosse de noite.
Y :        A gente fecha as cortinas, meu amor.
X :        Na China deve haver lugares que ainda não têm luz. Vai ser tudo na escuridão como eu gosto.
Y :        Tanto faz. O que interessa, é que fazemos todos corrente de qualidade na mesma hora e que geramos a tal energia. Bem, não esqueça: às 3 em ponto.
X :        Mas na China deve ter gente que ainda não tem relógio. Como é que fica isto então, quero dizer no que diz respeito à pontualidade?
Y :        Só não tem relógio, quem não quer. Lá fazem relógios já de um dólar só. É só trabalhar um mês e já podem comprar e ficam com o relógio de lembrança..
X :        Assim vale a pena participar. Depois sempre se tem uma lembrança.
Y :        Também ter uma lembrança de cada vez que participaremos, a casa ia ficar cheia de bugigangas.
X :        Mas eu gostaria. Sabe o que você podia me dar como lembrança desta vez?
Y :        Não, diga lá.
X :        Mas vai me dar?
Y :        Depende o que for. E não pense que vou sair por aí correndo comprando
lembranças caras a toda hora. O importante da nossa participação é dar força ao
movimento e gerar energia.
X :        Eu queria o conjunto Vuiton, bolsa, sapatos, cinto e mala de viagem. Aquele que te mostrei outro dia e  você disse que teria que trabalhar um mês inteiro para comprar, só um idiota dava tanto dinheiro por isso e eu disse: ou alguém muito apaixonado por o seu amor.
Y :        Quer uma mala de viagem para quê? Não vamos a lugar nenhum.
X :        Queria ir à China uma vez. Ver aquele museu daqueles guerreiros magníficos de há 2 mil anos do Imperador Shi Wuang ou qualquer coisa assim.
Y :        Não vem que não tem.
X :        Acho que estou com dor de cabeça.
Y :        Ah, essa não. Não inventa! Hoje não. É melhor tratar logo do meu fortalecedor. Vá tratando logo. Bota os 28 todos, tá?
X :        Deus me livre, 28 ? Tá doido. Pode até fazer mal.
Y :        Bota os 28  que eu agüento. Não quero que nada corre mal por minha culpa. Faltam 20 minutos. Apressa-se.
X :        Tá, já vou. Enquanto faço, pense no presente que eu queria.
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X :        Pensou no meu presente?
Y :        Ah, não me amole! Isto hoje não é um evento para servir benefícios próprios.
X :        Eu sabia, bem que sabia! Sempre fazendo bem aos outros, menos a mim. Aliás não tinha 28. Haviam os quantos podres.
Y :        Quantos?
X :        Uns tantos.
Y :        Mas quantos?
X:         Quase todos. Joguei fora.
Y:         Ah, essa não. Estragou a nossa festa.
X:         Não faz mal que estou com dor de cabeça mesmo.
Y:         Não posso acreditar. Esses ovinhos de codorna me foram vendidos como
absolutamente fresquinhos, de criação biológica e altamente eficazes, ovos de codorna como só codorniz sabe fazer.
X :        Eu  me devia é ter me casado com Chinês. Aí sim, o homem trabalhava um mês inteiro, só para me agradar e eu para agradar a ele fazia energia com ele. Vai ver que Chinês nem precisa de ovos de codorna nem nada.
Y :        Chinês é frouxo. Não consegue nada a não ser que se entupa com chifres de rinoceronte.
X :        Mas aí, com estes chifres bota chifre em comedores de ovinhos de codorna.
Y :        Mas espere aí, está me dizendo o que? Que você com um Chinês botava...........?
X :        Botava, seu pixote. Pau duro de ovo de codorna.
Y :        Sua sem vergonha. Sua pilantra. Sua safada, sua. *!!`^#*#!! ........ ......... ........ .............

Um pouco mais tarde, exatamente às 15.00 horas local deu um enorme curto-circuito na corrente do fornecimento da energia gerada no dia Global do Orgasmo Coletivo. Os estragos foram de tal tamanho que abriu outro imenso buraco na camada de ozônio. Por causa disto está agora definitivamente confirmado que a Holanda vai ficar debaixo de água já em 2010 e a culpa disto é dos  dois paulistas lá de Bauru. Salve-se quem puder.
Eu por mim estou indo morar lá no Corcovado.

©John Goes, 2007.

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