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Dra. Míriam Sommer, natural do Rio Grande do Sul, é homeopata formada em medicina no Brasil. Atualmente é mestranda na Erasmus Universiteit e atende em seu consultório em Den Haag. Esclareça suas dúvidas ou saiba como marcar consultas enviando-lhe um e-mail.

Vida e saúde

UM ADITIVO QUE POTENCIAlIZA O SABOR... E A FOME

Dra. Míriam Sommer

 

Uma investigação indica que o glutamato que se adiciona aos alimentos desperta a voracidade.

O glutamato monossódico, chamado de E-621, é um produto tido como natural e tem sido usado indiscriminadamente por ser considerado um produto inócuo. Porém, um estudo científico em ratos, indica que o glutamato monossódico aumenta a voracidade em 40%. Tudo indica que este estudo esteja nos fornecendo algumas pistas para explicarmos a atual epidemia de obesidade.

O E-621 é muito utilizado em batatas fritas e em aperitivos embutidos. As salsichas são um dos alimentos que podem conter glutamato monossódico para potencializar o sabor das mesmas. O uso massivo deste produto explica porque as 200.000 toneladas de glutamato que eram produzidas em 1970 passaram para  1,5 milhões de toneladas em 2004.

Por que entre pessoas que comem o mesmo e fazem o mesmo exercício, umas engordam e outras não? Faz algum tempo que os especialistas consideram que a epidemia de obesidade que afeta os países industrializados não é somente um problema de equilíbrio entre as calorias que são ingeridas e as que se gastam, que o sedentarismo e uma má alimentação são causas claras, porém não únicas de um fenômeno que preocupa cada vez mais as autoridades sanitárias.

Sabe-se que existem os fatores genéticos, neurológicos e endócrinos. Porém, será que existe outro elemento na alimentação que pudesse influenciar no ganho de peso? Investigações realizadas, em modelos experimentais, pelo investigador Jesus Fernandez-Tresguerres, sugerem que a ingestão de alimentos que contém glutamato monossódico, um potencializador do sabor conhecido como E-621, desperta uma fome ansiosa, até o ponto que incrementa a voracidade em 40% das ratas estudadas. Segundo o investigador, o glutamato atua sobre os neurônios de uma região cerebral chamada núcleo arqueado, impedindo o bom funcionamento dos mecanismos inibidores do apetite.

O glutamato monossódico é um aminoácido indispensável para o organismo intervindo em diferentes funções neuroendócrinas; uma delas, a de regular as sensações de apetite e saciedade. Atua também de forma essencial como neurotransmissor. O glutamato chega ao nosso organismo de forma natural, nos alimentos que contem proteínas. Em baixas doses ele é inócuo. Porém não existem limites estabelecidos pelas autoridades sanitárias.

Sabe-se que este produto adiciona um quinto sabor aos quatro já conhecidos: doce, amargo, salgado e ácido. Calcula-se que na dieta ocidental existe um aporte de onze gramas de glutamato ao dia, advindas de fontes protéicas naturais e menos de um grama de glutamato como aditivo. Nosso organismo não diferencia a procedência deste glutamato, quer seja como aditivo, quer seja como advindo das fontes protéicas naturais.

O problema em questão

De qualquer forma, sabe-se que os alimentos, contendo este aditivo, potencializam a fome e a voracidade. O problema é que o glutamato já consumido em nossa dieta de forma abundante através de uma alimentação rica em proteínas e, quando se adiciona o glutamato ainda como um aditivo, fica ainda mais difícil se saber o quanto de glutamato cada pessoa consome por dia.

Como aditivo potencializador do sabor, ele é muito utilizado nos restaurantes e também se adiciona o mesmo a uma infinidade de alimentos embutidos ou preparados, como as salsichas, as batatas fritas, e os demais aperitivos e salgadinhos que as crianças consomem diária e profusamente. Na embalagem, em geral, pode figurar que o produto contém E-621, porém, em geral, não se especifica a quantidade. Por exemplo, uma comida preparada e a qual foi adicionado o glutamato, contém seis gramas deste produto por kilo. No caso das batatas fritas, estão incluídos quatro gramas por kilo, e nas salsichas seis gramas por kilo.

Jesus Fernandez-Tresguerres recorda que o E-621 é considerado pelas agências alimentárias de todo mundo como um “aditivo não problemático e inócuo, para cujo uso não há limites de idade”. Organismos como a Organização Mundial da Saúde (OMS), a Organização sobre a Alimentação e Agricultura (FAO), a Food and Drug Administration (FDA) dos EUA e a Agência Européia do Medicamento declararam que o uso deste aditivo não é perigoso. Portanto, não existem quantidades autorizadas nem limites impostos a este flavorizante, que inclusive chega a substituir o sal por um agradável sabor e incrementar o paladar dos pratos e alimentos preparados.

Porém seu uso crescente em alimentos embutidos poderia ter efeitos graves indiretos sobre a tendência a obesidade ao aumentar a sensação de fome e, a partir de certas quantidades, também poderia ter efeitos tóxicos sobre o organismo do consumidor.

Os diferentes estudos observacionais em ratos, conduzidos pelo investigador Jesus Fernandez-Tresguerres, que recebem injeções de glutamato monossódico em altas doses, chegaram a conclusão de que o aditivo modifica o padrão de conduta do apetite e da saciedade. Os mesmos estudos concluíram que existem diferentes padrões de neurotoxicidade promovidos pelo E-621, e que estes são diretamente proporcionais à imaturidade e vulnerabilidade do animal estudado. Esta neurotoxicidade destrói partes do cérebro envolvidas no controle do apetite e, além disto, diminui a produção do hormônio de crescimento, responsável de que haja mais músculos e menos graxa.

Basílio Moreno Esteban, estudioso da obesidade, afirma que na regulação dos mecanismos do apetite e a saciedade estão implicadas um grande número de variáveis. Desde 1994, ele começou a estudar, entre outras coisas no mesmo projeto, o tecido adiposo e o aparelho digestivo como órgãos com uma grande atividade endócrina. Antes, se considerava que o tecido adiposo era somente um depósito, sem atividade, porem agora se sabe que a célula adiposa secreta numerosos hormônios, como a leptina, de grande importância no controle do apetite. Conhecemos também outros hormônios intestinais, como a grelina ou a colecistoquinina, que estão envolvidas nestes mecanismos. Enfim, é imensa a complexidade de fatores genéticos, neuronais, endócrinos que participam nos mecanismos de fome e saciedade.
Basílio Moreno Esteban agrega que não podemos nos esquecer do eixo hipotálamo-hipófise, cuja atividade nesta função já era mais conhecida. Estas duas estruturas diminutas estão no interior da sela túrcica, alojada na parte central-baixa e posterior do cérebro, com um enorme potencial neuroendócrino e, portanto, responsável pela secreção de numerosos hormônios de grande importância.

A Síndrome do restaurante chinês

Agora que se vê que o glutamato mono sódico interfere nos mecanismos de controle do apetite. Há anos, esta substância havia sido implicada na chamada síndrome do restaurante chinês, que se constituía num conjunto de sintomas manifestados depois de ingerir a comida chinesa: sufocamentos, dor de cabeça e sensação de ardor, entre outros. Segundo Jesus Fernandez-Tresguerres, principal  investigador deste aditivo, quando se superam determinados níveis, o glutamato pode atuar como tóxico que mata os neurônios do individuo. Por isso, os estudiosos consideram que este aditivo, junto com o crescente consumo de alimentos hiperproteicos, podem chegar a ser considerados um verdadeiro problema de saúde publica.

 

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