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Sérgio Godoy é paulistano, graduado em Artes Visuais: Central Saint Martins School of Art , em Londres. Participou de várias antologias literárias no Brasil e alguns de seus poemas foram publicados em Poetry Review UK.

A soma de um mais um

Sérgio Godoy

 

Até onde somos realmente dependentes da presença física de nossos parceiros? Às vezes podemos desejar uma breve separação, ter o tempo livre para cumprir tudo aquilo que desejamos sem nos preocupar com normas e obrigações de todos os dias.

Hoje é domingo e  posso notar que a casa está diferente: tudo ocupa seu lugar apropriado; a pia da cozinha sem louça para lavar, o jornal dobrado sobre a mesa, as roupas guardadas, e minha tentativa em decidir aonde ir. Ainda que tudo isso soe muito doméstico, considero-me liberto de qualquer pressão, ou obrigatoriedades, dentro de um relacionamento. Posso ir ao cinema, visitar um amigo ou simplesmente ficar em casa; posso espalhar minhas tintas no meio da sala, esticar uma tela e começar uma pintura, ou até mesmo ligar a televisão e ficar pateticamente absorto em suas imagens. A verdade é que, mesmo podendo fazer tudo isso, nada faço. Qual a razão? Sinto que algo está faltando no decorrer do dia.

Normalmente, aos domingos, eu e meu parceiro saímos para caminhar. Escolhemos a rota no Vereningin Natuurmonumenten, tentando combinar a saída com a visita a algumas exposições locais. Preparamos um pequeno lanche e partimos à busca de horas tranqüilas. Se para a maioria dos holandeses – ou devo dizer, dos europeus em geral - o contato com a natureza é um hábito de infância, o mesmo não posso declarar sobre nós, os paulistanos. Nunca me interessei tanto pela natureza como desde que cheguei à Holanda. Em São Paulo, se não se está fora para uma viagem de fim-de-semana, o domingo é dedicado à atividades artísticas oferecidas em grande variedade. Um excelente costume dessa intensa cidade: ir ao teatro à tarde, ao cinema, a um concerto em alguma praça ou consumir horas dentro de um shoppingcentre.

Mas hoje estou sozinho em Amsterdã. Estarei sozinho em minha casa por uma semana. Meu parceiro viajou e eu, em brincadeiras com amigos, afirmei que seria "a minha semana".

Queria poder dormir até mais tarde, comer pizza todas as noites e não me preocupar com a falta de Oud Kaas ou geléia no café da manhã. Enganei-me! Obviamente por estar acostumado com sua presença, hoje sinto o silêncio na casa me provocando com sua independência. Sei que nos próximos dias será diferente; outras ocupações, na passagem rápida do tempo, até chegar o momento do retorno, as trocas de acontecimentos, as novidades e o fervor do desejo que cumpre o reencontro de dois na cama.

 

 

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